Jornais no Brasil costumam ser um tanto efêmeros, isso é, têm vida curta. O Estado octogenário é um raro exemplo de sobrevivência de um periódico que coexiste com uma sociedade escassamente instruída e muito pouco informada. O feito ainda é maior se considerarmos que não há por trás da publicação nenhum grupo econômico ou associação com empresas de rádio ou televisão. Tem na sua origem um vínculo político partidário que o tempo desfez, emprestando-lhe um ar de independência traduzido muitas vezes na divulgação de notícias ignoradas pelos concorrentes. Em alguns momentos, essa pretensão tem lhe custado caro.
Lembro o período em que certa contundência crítica em relação à administração estadual desencadeou perseguição que o excluiu da publicidade estatal. Foram tempos difíceis que nem por isso tiveram o poder de sufocar a liberdade da comunicação manifestada na palavra impressa. Tenho a satisfação de, quando governador haver reparado essa injustiça, tornando a incluir o jornal na lista de publicações destinatárias de verbas públicas, que então custeavam a publicidade estatal. Sem se dobrar à pressão, resistiu e se fortaleceu. Saúdo o aniversário de O Estado como exemplo de um jornal que tem sido capaz de vencer os obstáculos naturais, inerentes à atividade, ou impostos pelo poder em suas diferentes versões, surgidos no decurso de sua existência para viver a fase atual de crescente qualidade gráfica e editorial.
Lúcio Alcântara,
ex-governador do Ceará