Líamos todos os dias oito jornais (na época não tinha internet). Discutíamos sobre todos os assuntos. Ele tinha um vasto conhecimento e me inspirava a escrever. Nossa leitura obrigatória era a Tribuna da Imprensa, do Rio de Janeiro, especialmente as colunas do Hélio Fernandes e Sebastião Nery, que tive a grande satisfação de conhecer.
Hélio Fernandes era editor do Tribuna da Imprensa e, com ideias de esquerda, foi perseguido pela Ditadura Militar. Venér contava que a amizade vinha dessa época, quando O Estado também foi alvo dos militares e ele foi preso e torturado ao lutar por uma imprensa livre.
Venelouis deu a vida para fazer do O Estado um jornal independente. Disso fui testemunha, pelo menos nos seus últimos dias. Era uma época em que o jornal denunciava fortemente os desmandos do Governo do Estado. Com Venér não tinha negociação, não se vendia por anúncio. Ele denunciava mesmo, sem medo e por isso foi processado. A tensão foi tanta que morreu precocemente de infarto. Nesse dia foi um choque para todos nós.
Sheila Raquel,
jornalista, ex-editora do Jornal O Estado