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Certificação ambiental, questão interessa as indústrias cearenses

As questões ambientais estão cada vez mais presentes no planejamento das empresas, por uma série de motivos. Quer seja devido à possibilidade de os recursos naturais ficarem mais escassos com o passar do anos, podendo até vir a inviabilizar o negócio, quer pela consciência de que é preciso manter um equilíbrio entre a atividade extrativa e a recuperação de áreas exploradas. Por causa disso, muitas organizações buscam as certificações ambientais, como forma de se manter no mercado, estabelecendo um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), a partir da implantação do ISO 14.001, demonstrando que estão enquadradas e preocupadas em desenvolver ações de sustentabilidade.

Os selos ambientais do Senai, por exemplo, classificam a eficiência do trato com as questões relacionadas ao meio ambiente das indústrias, permitindo a ampliação em até 5% do percentual do benefício fiscal já concedido pelo Governo do Estado, mediante a efetividade do plano técnico de sustentabilidade ambiental das empresas. De acordo com Cândido Henrique de Aguiar Bezerra, consultor de meio ambiente do Centro de Excelência em Tecnologia e Inovação (Cetis) do Senai-CE, a instituição presta todo o suporte técnico necessário para que as indústrias que tenham interesse em implantar/adequar seu sistema de gestão ambiental (SGA) de acordo com os critérios determinados pelas mais diversas normas e certificações ambientais existentes e reconhecidas pelos organismos acreditadores do Brasil.

Ele ressaltou que qualquer empresa pode e até deve gerenciar seus aspectos ambientais e, com isso, buscar certificar seu sistema de gestão ambiental. No entanto, o mercado é mais exigente quando se busca o caminho da exportação e, com isso, uma certificação ambiental com reconhecimento internacional passa a ser estratégica para o desenvolvimento do seu negócio. “O Senai não possui selo ambiental próprio e nem trabalho como organismo certificador de Sistema de Gestão Ambiental. A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), através do seu Núcleo de Meio Ambiente (Numa) premia, anualmente, indústrias que tenham buscado realizar iniciativas exitosas em função da sua relação com o meio ambiente, mas isso não é um selo propriamente dito, e sim, um prêmio como reconhecimento de um trabalho exitoso e dentro desta premiação o Senai-CE faz parte da banca avaliadora, pois conta com uma experiência de 22 anos em implantação de sistemas de gestão ambiental certificados, nos mais diversos segmentos da indústria, como metalomecânico, alimentos, minerais não metálicos, têxtil e petroquímica”, disse.

Diferencial
Cândido Bezerra destacou que a certificação na NBR ISO 14.001:2015 representa uma garantia de que a empresa possuidora desta certificação tem um sistema de gestão ambiental que atende a todos os requisitos determinados por uma norma reconhecida internacionalmente e, com isso, passa a ter um diferencial competitivo no exigente e acirrado comércio internacional. “Porém, mesmo aquelas que não exportam já percebem a diferença quando buscam fornecer seus produtos ou serviços para grandes empresas que já possuem alguma certificação ambiental ou que possuem um forte sistema de gestão ambiental implantado dentro de sua organização”, salientou.

Sob o ponto de vista econômico, ele diz que uma indústria possuidora de um sistema de gestão ambiental certificado ISO 14.001 tem menores riscos de receber alguma multa ou embargo de atividades, em decorrência da não observância de dispositivos legais. Além disso, consegue perceber oportunidades que são identificadas dentro de um SGA baseado em um processo de melhoria contínua, que levam à existência de programas de ecoeficiência como, por exemplo, um programa de produção mais limpa ou uso eficiente de recursos naturais. “Isso torna a empresa mais eficiente e, consequentemente, mais competitiva no mercado. Quanto aos incentivos fiscais, o Governo do Estado do Ceará, através da Semace, instituiu o Selo Verde para certificar, por dois anos, produtos compostos por matéria-prima reciclada advinda de resíduos sólidos, para o gozo de benefícios e incentivos fiscais concedidos a contribuintes no nosso estado. Esses incentivos fiscais são, fundamentalmente, uma redução no ICMS da empresa, pelo período que perdurar o Selo Verde”, lembrou.

Além desses benefícios e incentivos fiscais, estudos apontam que as empresas que possuem um SGA em pleno funcionamento conseguem uma redução da despesa total, além de criar um diferencial no mercado; retração do montante de dinheiro gasto com mecanismos de controle, insumos e consumo de energia, além economia resultante da implementação de uma política de reciclagem (reutilização de materiais); mostrar maior eficiência, uma vez que práticas sustentáveis são encaradas como recurso para aumentar a produtividade. A diminuição da poluição pode também resultar num aumento da demanda por parte de consumidores sensíveis à questão da sustentabilidade. E, finalmente, companhias que adotam uma postura proativa no que se refere a estratégias de preservação do meio ambiente podem ter suas vendas e seu valor de mercado aumentado, devido à legitimação conferida pelo mercado e por uma maior aprovação do corpo social.

Emissão dos documentos movimenta  a economia

A emissão de certificados ambientais podem movimentar, ainda mais, a economia dos estados, pois podem surgir empresas certificadoras, gerando novos postos de trabalho. As principais certificações internacionais existentes no Brasil são emitidas por organismos certificadores acreditados pelo Inmetro e, para tanto, devem cumprir todas as exigências definidas em requisitos normativos específicos para se tornar um organismo certificador.
“Atualmente, o Estado do Ceará conta com empresas que foram certificadas por organismos certificadores existentes no Brasil, porém a sede dos mesmos, geralmente, fica na Região Sudeste e aqui no Ceará temos apenas um representante desses organismos, muitos destes inclusive com sede em outros países, como Inglaterra, Portugal, Noruega, Índia, entre outros”, lamentou o consultor Cândido Bezerra.

Outra questão interessante é que o investidor busca aplicar seus recursos em investimentos que ofereçam um menor risco e, com isso, maior segurança e confiabilidade na aplicação dos mesmos. Para o consultor do Senai-CE, as empresa certificadas com uma ISO 14.001 possuem maior controle de suas atividades que possam levar a impactos ambientais mais significativos e dão maior solidez à gestão de riscos ambientais provenientes de suas atividades. “Aqui no Brasil temos vários casos relacionados a acidentes que levaram a danos ambientais que se transformaram em uma perda de imagem e receita para a empresa envolvida, como foi o caso da mineradora San Marco no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. A gestão ambiental nas empresas tem evoluído a passos largos, no sentido de sair do senso comum de custos associados, para investimentos e oportunidades competitivas aos negócios e o sistema de gestão ambiental certificado por uma ISO 14.001 é a melhor forma, internacionalmente reconhecida, de se obter esses ganhos fundamentais para as empresas”, completou.

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