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Fortaleza

294 pretendentes esperam na fila

Por Crisley Cavalcante

Em Fortaleza, mais de 400 crianças e adolescentes estão em situação de acolhimento, isto é, vivem em instituições a espera da decisão da Justiça para inseri-lo em convívio familiar, entre os meninos e meninas abrigadas, apenas 56 estão disponíveis para adoção. Há 294 pessoas habilitadas, a espera de realizar um sonho de ser pai e mãe. Por que essa conta é tão diferente? Qual a razão para que haja mais pretendentes do que crianças disponíveis?


Uma dessas pretendentes é a psicóloga Daniele Tavares Alves, à espera de adoção há 1060 dias*. Tudo começou em junho 2017. Após procurar o setor de cadastro do Fórum Clóvis Beviláqua e entregar a documentação necessária, a espera começou. Ao todo foi um pouco mais de um ano até ser inserida no ainda Cadastro Nacional de Adoção. Desde então, Daniele espera pelo filho que ainda não chegou.


“As instituições de acolhimento estão lotadas de crianças, então porque elas não são destituídas? Sabemos que nem todas que estão institucionalizadas serão adotadas, mas existem prazos a serem cumpridos. O fato é que essa criança não pode ficar à mercê da boa vontade da família biológica. Essa criança precisa ir para adoção, pois tem muita gente na fila esperando. Vínculo é onde tem afeto e convivência. Se a criança não tem esse vínculo com a família biológica não há porque insistir. Enquanto isso estamos querendo e esperando pelos nossos filhos”, esclarece a pretendente.


A dor da espera levou Daniele e outros pretendentes a fundarem o grupo Coletivo de Pais e Pretendentes à Adoção (Coppa). Atualmente, participam 85 pessoas, entre pretendentes e alguns que já são pais. O objetivo é cobrar melhor estrutura e rapidez aos processos de adoção.


Fortaleza possui um total de 21 instituições de acolhimento e mais de 400 crianças vivendo nesses locais. Vivem coletivamente, sem a individualidade que a vida em uma família poderia oferecer. Sem a atenção dos pais na hora do café ou com as tarefas escolares, como geralmente é a rotina de uma criança.


A vida nas instituições, nem de perto, reflete a vida em família. As crianças são acostumadas a conviver entre si. São muitas delas que dividem a atenção das cuidadoras da forma como podem. São crianças e adolescentes que a lei não alcança, pois de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e com a Constituição Federal, é direito deles terem uma família, proteção, acolhimento, educação e cuidados.

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