26.1 C
Fortaleza

O sonho da adoção tardia

Por Crisley Cavalcante

A assistente social Maria Ângela Batista Duarte Julião e o tenente coronel da Polícia Militar do Ceará, Josely Moreira Julião Júnior, têm dois filhos biológicos, de 17 e 6 anos de idade. A vontade de adoção tardia, no entanto, pulsava no peito do casal. E foi assim que o processo deles teve início, como qualquer outro dentro da Lei de Adoção, com a entrega da documentação pessoal para a habilitação, no então chamado Cadastro Nacional da Adoção (CNA), atualmente Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA). À época, o casal morava em Tauá. O ano era 2018, quando em um certo dia, foram chamados a conhecer um casal de irmãos que estavam em uma instituição de acolhimento de Quixeramobim, a 193 quilômetros.


Mas a vida havia preparado um caminho diferente, que também mudaria o curso da trajetória de duas adolescentes: Cícera Kaleany Julião Duarte, 15 anos, e Maria Eduarda Julião Duarte, de 14. Mesmo após ter viajado quase 200 quilômetros para conhecer outras crianças, de pronto quando viu as meninas, Ângela sentiu o coração bater de forma diferente. Estavam ali as filhas do coração. Após a procura, adolescentes e pais se encontraram para começar a escrever uma nova história desde então.


“Elas eram o nosso destino. Tinha que ser elas duas. Foi uma sensação diferente quando as vimos e soubemos das histórias de vida delas. Foi destino e coisa de Deus”, diz uma mãe emocionada e realizada. Atualmente, a família mora em Massapê. As meninas estudam na escola militar em Sobral e não poderiam estar mais felizes.


“Estou muito feliz por ter conseguido alcançar um dos meus maiores objetivos na vida que era ter uma família, um lar, irmãos, pessoas para me apoiar nos momentos bons e ruins. Sou muito grata em ter conhecido meus pais que me apoiam de todas as formas e agora quero construir o meu futuro”, conta Cícera.


“Eu também estou muito feliz pela nova realidade em que estamos vivendo, estamos estudando e felizes por ter uma família que nos educa e nos dá amor”, completa Maria Eduarda. A história de vida das duas é um roteiro que parecia pronto. Após dez anos vivendo no abrigo, em pouco tempo, uma delas estaria apta a sair da instituição. Mas a vida escreveu uma nova história com final feliz.


O processo de adoção das adolescentes teve, à frente, a juíza da 1ª Vara de Quixeramobim, Kathleen Nicola Kilian, que não esconde a satisfação em contribuir, por meio de decisão judicial sua, por uma vida melhor para a nova família. “A atividade do magistrado envolve, além da avaliação legal e técnica, a emoção, o cuidado, a sensibilização com cada situação concreta, sabendo que ali, naquela demanda, muitas vezes se envolvem sonhos e a dignidade de cada pessoa. E essa é uma peculiaridade que se destaca na Justiça da Infância e na Juventude, que determina ao magistrado uma atuação sobremaneira especial, principalmente na temática da adoção: o sonho do pretendente à adoção em aumentar sua capacidade de amar, aumentando sua família e o sonho da criança e do adolescente apto à adoção de ter garantido um sentimento tão imanente, de ter garantido seu direito à convivência familiar”, diz a magistrada.


Atualmente, há dois adolescentes em Quixeramobim, de 15 e 13 anos, vinculados a um casal de Fortaleza. O processo está em andamento e eles se falam constantemente por videochamada. No município há, atualmente, um grupo de quatro irmãos acolhidos aptos à adoção no SNA, de 8, 11, 14 e 17 anos, em busca de uma família. O município possui cerca de 80 mil habitantes e uma instituição de acolhimento.

Mais Lidas

Férias

As colônias de férias espalhadas pela cidade tem sido muito procuradas pelas crianças neste mês de julho. São espaços onde o contacto com a...

Justiça pede remoção de vídeos da convenção de Evandro

Decisão atendeu a pedido do PL, que acusou a chapa liderada pelo PT de propaganda eleitoral antecipada no evento com presidente Lula
spot_img