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Decisão de Pacheco de derrubar parte da MP de Haddad teve aval de Lula

Líder do governo no Senado disse ao presidente do Congresso que “o próprio presidente Lula não estava confortável com a MP”

Kelly Hekally

Presidente Lula (PT) e Rodrigo Pacheco (PSD) / Foto: Reprodução / Site Senado

A decisão do presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de derrubar trechos da Medida Provisória 1227/2024, que trata de arrecadação federal de R$ 29,2 bilhões para este ano, foi tomada em comum acordo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (BA).

Fontes próximas de Pacheco ouvidas pelo O Estado CE afirmam que o senador baiano relatou ao senador eleito por Minas Gerais que o “próprio presidente Lula não estava confortável com a MP”, sinalizando assim que o texto poderia “sofrer a baixa”.

Com o ato desta terça, o também presidente do Senado torna nulos os incisos III e IV do artigo 1º da MP, bem como os artigos 5º e 6º, na totalidade. Com a derrota da Fazenda, o ministro Fernando Haddad vê mais uma vez seus planos de tentativa de aumento de receita serem frustrados.

O petista vem desde o início do governo buscando meios de aumentar a receita dos cofres públicos da União, mas, por se tratarem de medidas impopulares, sobretudo em meio ao empresariado, Haddad vem sendo derrotado. A taxação de importação, por exemplo, foi aprovada após negociações que ocorreram durante um ano entre governo e Congresso. 

“IMEDIATO E ABRUPTO”
No ofício da derrubada, Pacheco cita a tripartição dos Poderes e seu poder, como presidente, para impugnar atos e defende que “a MPV traz imediato e abrupto ônus a importantes setores da economia” e “que ao restringir o direito do creditamento e ressarcimento do saldo credor para o PIS/Pasep e da Cofins, a MPV atenta contra o princípio da não-cumulatividade” garantido pela Constituição e pelo Sistema Tributário Nacional (STN).

Pacheco e Haddad mantêm bom relacionamento institucional. Aliado de Lula, contudo, Pacheco vem sofrendo pressão dos colegas da Casa para barrar medidas governistas. A Reforma Tributária que tramita atualmente no Congresso é uma das pautas que representam essa queda de braço constante entre Executivo e Legislativo.

PRESSÃO DOS SETORES
A sinalização de Pacheco vem depois de pressão de setores produtivos e da classe política para que a MP não avançasse nos termos em que foi publicada. Os demais trechos assinados por Lula serão apreciados em comissão mista até o início de agosto deste ano. Se não o forem, perderão a vigência e consequentemente seus efeitos.

O anúncio dos planos de arrecadação de R$ 29,2 bilhões vinha sendo criticado desde a semana passada, quando o modelo de captação foi apresentado. Segundo Haddad, o valor foi desenhado para cobrir a renúncia fiscal do governo de R$ 26,3 bilhões para 2024. 

A divergência travou os diálogos sobre a reoneração gradual da folha de pagamento de 17 setores e de prefeituras, mais uma pauta de Haddad considerada impopular. Líder do União Brasil no Senado, o senador Efraim Filho (PB) conseguiu emplacar a prorrogação da desoneração da folha a contragosto do governo Lula até o final deste ano.

O tema, que ainda segue em debate, transformou-se na pauta da reoneração gradual, que discute como os setores e as prefeituras vão voltar a pagar progressivamente a folha de pagamento. No mês passado, a expectativa era de que o governo findasse maio com uma discussão madura sobre o tema, mas as negociações não avançaram. Atualmente, até dezembro, a cobrança é de 8%.

Em conversa com O Estado CE no mês passado, Joacy Alves dos Santos Júnior (PSB), vice-presidente da Associação de Prefeitos do Estado do Ceará (Aprece), disse que os ministros Haddad e Alexandre Padilha (de Relações Institucionais) comprometeram-se, em reunião com prefeitos, a construir uma proposta que tramite sem tantos obstáculos na Câmara e no Senado, com a intenção de acelerar a discussão da reoneração gradual.

A discussão também está no Supremo Tribunal Federal (STF), nas mãos do ministro Cristiano Zanin. O relator aguarda solução entre Executivo e Legislativo.

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