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Estudo da UFC alerta para perda de faixa de areia na costa do Ceará

Em menos de 20 anos, mais da metade da costa cearense poderá perder espaço devido ao avanço do mar; Fortaleza está entre os municípios afetados

O município de Fortim poderá ser o mais afetado pela erosão nos próximos anos/Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

Um estudo do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), divulgado pela Agência UFC, alertou, nesta semana, para a perda de pelo menos 10 metros de faixa de areia em mais da metade da costa do Ceará nos próximos 16 anos. De acordo com as informações divulgadas, o município de Fortim é o que detém a projeção mais acentuada de erosão, caracterizada pelo recuo da faixa de areia em direção ao continente.

A pesquisa, pioneira sobre a linha de costa cearense, calculou o cenário para os anos de 2030 e 2040. Em ambos os resultados, a margem noroeste do rio Jaguaribe, em Fortim, foi a que apresentou as taxas mais elevadas de avanço do mar. Somente entre 2020 e 2030, a expectativa é que o local perca 318 metros de costa.

Considerando o intervalo de tempo de 2020 a 2040, a perda total deverá ser de 436 metros. Outros municípios cearenses como Icapuí, Cascavel, Caucaia, Paracuru, Paraipaba, Trairi, Amontada, Itarema, Acaraú e Camocim estão entre as cidades que devem apresentar altos índices de erosão nos próximos 6 anos.

Até 2040, foi identificada a tendência de avanço do mar na região oeste, incluindo Fortaleza e sua Região Metropolitana. De acordo com a pesquisa, o cenário mais acentuado em Fortim se dá em decorrência de se tratar de uma região de estuário, que naturalmente possui uma dinâmica sedimentar mais complexa.

O estudo evidenciou que, dos 573 quilômetros de costa do Ceará, 49,16% devem perder 10 metros ou mais de faixa de areia até 2040. Para a professora do Departamento de Geologia da UFC, Narelle Maia de Almeida, a situação é grave.

“Processos erosivos acentuados podem prejudicar demasiadamente esta região de grande importância econômica, ambiental, social e cultural, que desempenha um papel vital na sustentabilidade e no bem-estar das comunidades locais e na biodiversidade costeira”, explica.

Os prejuízos intrínsecos à confirmação das previsões vão além das questões ambientais e poderão ser sentidos também na economia. “A atividade pesqueira e a aquicultura são cruciais para a economia local, garantindo alimentação e renda.

O turismo costeiro, impulsionado pela beleza natural das praias e esportes aquáticos, é uma importante fonte de receita e emprego. A cultura e identidade locais também estão intimamente ligadas ao mar e à pesca”, afirma a professora, que foi uma das autoras do estudo.

A pesquisa foi desenvolvida com base em imagens de satélite da linha de costa do Ceará entre 1984 e 2020. Um software calculou as mudanças que ocorreram ao longo do tempo e indicou a previsão futura da linha de costa do estado.

No período avaliado, foi constatado que 38,28% da área de costa sofreu erosão no Ceará, 13,73% passou pelo processo de acresção, que ocorre quando há avanço em direção ao mar, e os outros 47,98% se mantiveram em equilíbrio.

Durante os 36 anos avaliados, a praia do Icaraí sofreu a maior erosão da região do litoral metropolitano, e perdeu 109,73 metros de faixa de areia. Conforme o geólogo Luiz Henrique Joca Leite, cujo estudo fez parte do trabalho de conclusão de curso, a erosão tem causas naturais e humanas, sendo o Icaraí um exemplo de caso de erosão severa causada por interferência humana.

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