O delegado e deputado federal Alexandre Ramagem (PL/RJ) compareceu, nessa quarta-feira (17), à Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, onde estava previsto o depoimento dele nas investigações sobre possível uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que ele dirigiu de 2019 a 2022. O caso, conhecido como “Abin paralela”, vem sendo apurado desde o ano passado como desdobramento da Operação Última Milha, deflagrada em 11 de julho de 2023. Há suspeita de uso ilegal de sistemas da Agência para espionar autoridades e desafetos políticos durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente também é investigado. O depoimento de Ramagem ocorreu dois dias após o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar o sigilo de gravação feita pelo delegado em reunião ocorrida em agosto de 2020. O encontro gravado teve a participação de Bolsonaro e do então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. Também estiveram presentes na reunião advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL/RJ), que vinha sendo investigado por suspeita de rachadinha no gabinete dele durante o período em que foi deputado estadual no RJ. As gravações revelam conversas para que órgãos oficiais fossem usados para influenciar o encerramento da investigação contra o senador. O áudio foi encontrado pela PF em um computador apreendido em endereços ligados à Ramagem. O conteúdo dá a impressão de que a gravação do encontro ocorreu sem o conhecimento dos demais participantes. Ramagem é também pré-candidato do PL à Prefeitura do Rio de Janeiro e conta com o apoio de Bolsonaro. Mesmo após a divulgação do áudio, os dois apareceram juntos em vídeo divulgado nessa quarta-feira (17) nas redes sociais do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL), no qual convocam para agendas públicas que eles realizarão nos próximos dois dias em Brasília. (Com Agência Brasil)