A somente uma semana das eleições presidenciais na Venezuela, as mais importantes da última década, os maiores institutos de pesquisa sugerem que, se houver amplo comparecimento às urnas e transparência no processo, a oposição sairá vencedora. Os levantamentos mais recentes feitos pela empresa Consultores 21 e pelo Instituto Delphos, aos quais a reportagem teve acesso, indicam que, neste cenário ideal de participação democrática, o diplomata Edmundo González, candidato da oposição, tem 60% da preferência, ante uma média de 25% a 28% para o ditador Nicolás Maduro.
São pesquisas realizadas em domicílio com mais de duas mil pessoas e em todas as regiões do país. Esse é um fator importante, porque, ainda que se proliferem os levantamentos online, 40% da população venezuelana não tem acesso à internet em casa.
Pesquisas telefônicas tampouco ajudam a ter um panorama acurado da realidade. No país, é muito comum que não se atenda a uma ligação telefônica de número desconhecido, uma vez que chamadas de dentro das prisões para extorquir cidadãos são cada vez mais rotineiras.
Os dois levantamentos indicam que mais de 70% da população local manifesta que tem vontade de comparecer às urnas em 2024, que ocorre após 11 anos de Maduro no poder e em meio a acusações de violação das regras eleitorais, com impedimento de missões de observação e inabilitação dos opositores mais notórios. Mas o voto no país não é obrigatório.
E o nível de participação daqueles 21 milhões de cidadãos com registro atualizado perante o Estado pode mudar muito o resultado no próximo domingo (28). “A participação vai variar se a população compreender que a eleição será de fato competitiva ou se entender que não o será”, afirma Saul Cabrera, o diretor da Consultores 21, que possui mais de 40 anos de atuação no mercado e não divulga publicamente os números das pesquisas, porque são encomendadas por clientes privados.