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A crise Brasil-Argentina e o Mercosul

Tanto os seguidores e simpatizantes quanto os opositores de Lula e de Javier Milei, estão preocupados com os desentendimentos entre os chefes de Estado do Brasil e da Argentina. Principalmente porque os dois países são tradicionais parceiros estratégicos e econômicos há um século e meio. Desde a Tríplice Aliança (1864/1870), quando Brasil, Argentina e Uruguai uniram-se para enfrentar o Paraguai de Solano López, mantemos interesses em comum [email protected]
que superam as peculiaridades de cada país. Mas agora, o fator ideológico-eleitoral nos levou à separação, que pode ser nociva a ambos os lados, principalmente se os governantes continuarem em rota de colisão.
Milei precisa ser convencido de que já ganhou o primeiro round, ao derrotar nas urnas o peronismo-kirchnerismo, que era apoiado por Lula. E Lula deve facilitar o entendimento, relevando os agravos sofridos durante a campanha eleitoral portenha. Não devem, não podem, fazer de suas diferenças ideológicas uma briga sem fim. Precisam ser convencidos a unirem-se pelos interesses convergentes e não permitir que as diferenças sejam fator de afastamento, já que cada nação tem sua peculiaridade e interesse interno.
A postura de Lula na reunião do Mercosul, realizada em Assunção (Paraguai) foi inteligente. Lamentou a ausência do argentino e comentou que o vizinho país estava perdendo com isso. Eficientes bombeiros devem ter atuado para apagar o fogo do lado brasileiro. Precisa, agora, uma guarnição igual ou ainda maior, fazendo o mesmo no lado argentino Os dois líderes precisam aceitar que a melhor forma de seguir em frente é unidos, não separados, pois têm interesses em comum que seriam prejudicados numa possível ruptura. Lula chamou o embaixador brasileiro em Buenos Aires para discutir a questão. Espera-se que a conclusão não seja radical e, pelo contrário, possa mirar na conciliação.
A América do Sul já viveu tempos extremamente delicados com golpes de Estado, ditaduras e outros males que atrasaram o continente. Hoje, com a democracia instalada na maior parte do território, temos uma boa chance de desenvolvimento regional. A China, na sua escalada pelo mundo, vem investindo alto no continente e, apesar do rendimento econômico, suscita dúvidas no ponto-de-vista político-ideológico. É melhor que nós, os parceiros sulamericanos (ou latinos) estejamos unidos e sabendo bem o que nos interessa para não ficarmos reféns dos chineses e nem dos seus adversários globais. As relações têm de ser presididas pelos nossos interesses, não por terceiros que aqui aportam.
Milei trava grande luta político-administrativa na Argentina para diminuir o tamanho do Estado e, com isso, debelar a inflação alta e recolocar o país no caminho do desenvolvimento. O Brasil, que já controlou a inflação há três décadas (com o Plano Real), vive hoje incertezas da política de um governo gastador que aponta pela estatização e aumento do tamanho do Estado. Mesmo com essas diferenças, é possível conviverem de forma bem comportada.
O Mercosul, criado em 1991, com o objetivo de integrar economicamente os países do chamado Cone Sul, não pode ser catalogado como uma experiência de sucesso. Apesar dos esforços de sucessivos governos, não têm conseguido bons acordos comerciais com outras regiões do mundo. O grande exemplo é a negociação com a União Europeia, que não avança principalmente pela oposição da França. Há tentativas de acordos menores, como o que o Uruguai pretende firmar com a China. Até agora, temos de compreender, o principal feito do organismo é o comércio bilateral entre Brasil e Argentina, que trocam seus manufaturados com tarifa privilegiada. Justamente esse empreendimento pode se prejudicar se continuar a contenda Milei-Lula. Apesar dos seus 33 anos de funcionamento, os críticos são categóricos ao afirmar que o Mercosul não existe de fato e que sua única produção, até agora, está nas placas automotiva e no passaporte comuns aos países-membros. É preciso desenvolver funções além dessas, que são meramente burocráticas…

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