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General concordou com plano de golpe e disse que colocaria ‘Kids Pretos’ na rua, afirma Moraes

O ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter) general Estevam Theóphilo, alvo de operação da Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, 8, para apurar a organização criminosa responsável por atuar em tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, teria concordado com a ideia de golpe em uma conversa com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com as investigações da PF, Theóphilo seria o “responsável operacional” por arregimentar as Forças Especiais do Exército, os chamados “Kids Pretos”, para prender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “Além de ser o responsável operacional pelo emprego da tropa caso a medida de intervenção se concretizasse, os elementos indiciários já reunidos apontam que caberiam às Forças Especiais do Exército (os chamados Kids Pretos) a missão de efetuar a prisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes assim que o decreto presidencial fosse assinado”, diz a decisão desta quinta, que autorizou a operação da PF, assinada por Moraes. O documento traz ainda a informação de que, no dia 2 de janeiro de 2023, após a transição de governo, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, relatou o temor de ser preso ao general Theófilo, encaminhando uma notícia de que poderia ser detido nas primeiras semanas do ano. Em resposta, o general tranquilizou Cid: “Fique tranquilo, Cid. Vou conversar com Arruda (então comandante do Exército) hoje. Nada lhe acontecerá”. Estevam Theóphilo teria sinalizado ao então presidente Bolsonaro em uma conversa, no Palácio do Alvorada, que concordava com a ideia de golpe, desde que o ex-chefe do Executivo assinasse a medida. Essa é a conclusão da PF após análise das mensagens obtidas no celular do ex-ajudante da Presidência, Mauro Cid. As investigações apontam que Estevam Theóphilo teria usado a alta patente que possuía para “influenciar e incitar apoio aos demais núcleos de atuação por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas para consumação do golpe de Estado”. O ex-chefe do Coter integrava o núcleo de oficiais de alta patente com influência e apoio aos demais cinco núcleos do grupo investigado pela PF. Segundo a PF, integrava o núcleo de alta patente os então ministros Walter Braga Netto (Casa Civil) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa); o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha; Mario Fernandes, comandante que ocupou cargos na Secretaria-Geral do governo Bolsonaro; e Laércio Vergílio. “Os elementos probatórios reunidos ao longo da investigação evidenciaram que os investigados se utilizaram diretamente dos cargos públicos que exerciam tanto em ações relacionadas à tentativa de execução do golpe de Estado quanto para eximir possível responsabilidade criminal pelos atos até então já realizados”, diz Moraes na decisão. Theóphilo não foi o único militar do Comando de Operações Terrestres do Exército tragado para a organização da tentativa de golpe de Estado. Os elementos da investigação apontam que o general teve o apoio do coronel Cleverson Ney Magalhães, seu assistente no Coter. O militar foi o responsável por organizar um encontro para discutir com os “Kids Pretos” os atos preparatórios para a intervenção. “Houve, inclusive, por parte do grupo criminoso, organização de encontro específico na tentativa de arregimentar militares com curso de Forças Especiais (FE), que, segundo a Polícia Federal, coadunados com os intentos golpistas, dariam suporte às medidas necessárias para tentar impedir a posse do governo eleito e restringir o exercício do Poder Judiciário”, afirma Moraes, que sustenta que a unidade seria fundamental para o plano golpistas, uma vez que detém o maior contingente de tropas do Exército. O general Estevam Theóphilo é irmão do ex-secretário de Segurança Pública do governo Bolsonaro, general da reserva Guilherme Theóphilo. O militar participou do governo de Bolsonaro desde o período de transição, no final de 2018. Foi filiado ao PSDB e ex-candidato ao governo do Ceará, em 2018, mas não se elegeu. Como mostrou o Estadão, Estevam Theóphilo chegou a ser cotado para assumir o Comando do Exército no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os argumentos da PF e de Alexandre de Moraes para operação que atingiu Bolsonaro
A operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) na quinta-feira (8/02) contra Jair Bolsonaro (PF), ex-ministros militares e aliados do ex-presidente foi baseada em investigações que apontaram que uma tentativa de golpe de Estado teve o envolvimento de Bolsonaro. De acordo com a decisão do ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação Tempus Veritatis, a PF obteve evidências de que: Bolsonaro tinha conhecimento da existência de uma minuta de decreto com medidas para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PF) e resultado das eleições e atuaram para garantir que os manifestantes tivessem segurança; e que o grupo em torno de Bolsonaro monitorou os passos de Moraes, incluindo acesso à sua agenda de forma antecipada. A investigação da PF aponta para uma suposta organização criminosa que teria tentado abolir o Estado Democrático de Direito. A operação de quinta-feira envolveu, entre outras medidas, ordens de prisão contra quatro ex-assessores de Bolsonaro e da entrega do passaporte do ex-presidente. Trata-se de um desdobramento do inquérito das “milícias digitais”, que tramita no STF e que investiga um grupo ligado a Bolsonaro com o objetivo de promover ataques a autoridades. Bolsonaro é um dos investigados no inquérito. Com bbc news.

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