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No tempo certo do amor

Há um ditado que diz: para tudo na vida há um tempo. A história da família da bióloga Cintia Melo e do engenheiro Jean Moraes da Silva traduz na essência essa frase. Eles são casados há 11 anos e após algumas tentativas de engravidar, todas sem êxito em razão de uma endometriose, o casal abriu o coração para a adoção. “Da forma que o nosso filho vier, vamos aceitar”, disse Jean para Cintia. A frase foi um divisor de águas para ambos.

Em janeiro de 2016, o casal foi ao Fórum Clóvis Beviláqua entregar a documentação necessária para a inserção dos dados no então Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Foram seis meses de espera para participarem do curso psicossocial e jurídico com a equipe técnica. Em setembro daquele ano estavam devidamente habilitados.

Em seguida, passaram a frequentar os grupos de apoio à adoção, conheceram as histórias e as entrelinhas do processo de adoção. Após a espera, no início de 2019, o casal decidiu alterar o perfil da criança pretendida, que era de zero a quatro anos para de zero a um ano. Em razão disso, o cadastro ficou suspenso dois meses à espera de autorização judicial para alteração do perfil.

No dia que o cadastro foi ativado, o sistema vinculou os pretendentes a um menino de nove meses, que estava na Casa São Miguel Arcanjo, no Condomínio Espiritual Uirapuru. A ansiedade tomou conta do coração de ambos. “Ficávamos pensando como era o rostinho dele, como ele era. Vivemos um carrossel de emoções naqueles dias. Cheguei para vê-lo extremamente emocionada”, contou Cintia. “Ainda bem que o nosso cadastro ficou inativo por dois meses porque tinha que ser ele. Tudo tem um tempo certo. Quando o vimos bateu uma energia muito forte e já nos apaixonamos de cara”, explica Jean.

Os dois passaram a visitar o menino todos os dias possíveis, mas entre a primeira visita e a chegada de Caio à nova casa foram 15 dias, apenas. “Os processos de adoções no nosso Estado precisam melhorar muito, principalmente a espera para o curso. A nossa habilitação demorou nove meses, mas algumas demoram muito mais. O problema não é o perfil dos pretendentes. Os abrigos têm todos os tipos de crianças e na fila tem pretendentes para todos os perfis. Já evoluiu muito, mas precisa evoluir mais”, diz Cintia.

MUDANÇA DE VIDA

No dia 19 de julho, com quase dez meses, o menino chegava ao novo lar para alterar completamente a vida dos três. Ele não engatinhava, não tinha iniciado a alimentação sólida e tinha uma série de atrasos na fala e na mobilidade em razão da falta de estímulos. “Cada dia no acolhimento é um atraso. São muitas crianças. Não tem como as pessoas que trabalham lá dar atenção para todas elas”, reconhece Cintia.

Caio foi abandonado no hospital no dia em que nasceu. Prematuro, veio ao mundo aos sete meses pesando 1 quilo e 100 gramas. Após dois meses na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) não foi procurado por ninguém. Do hospital foi direto para a instituição de acolhimento.

 “Agora estou mergulhada no cuidado com ele 100% do tempo. É igual como qualquer maternidade. A diferença foi como ele chegou nas nossas vidas, mas sequer pensamos ou lembramos disso. É o nosso filho do coração. Além disso, é preciso destacar algo muito importante para nós. Algumas pessoas chegam e falam: ‘parabéns pelo seu gesto nobre’. E nós queremos dizer que não fizemos nenhum gesto nobre. O nosso desejo era formar uma família, logo, isso não é caridade. Isso não procede. Adoção é um projeto de família. Tornar alguém seu filho não é caridade. A formação da nossa família é um projeto e uma realização”, disse Cintia.

Agora é vida nova para a família. A evolução do menino é visível. Já está começando a andar pela casa, balbucia palavras, interage com os pais nas brincadeiras e sorri o tempo todo. Uma criança simpática e feliz no novo lar. Aquecendo e enchendo de amor o coração dos pais. Porque para tudo nessa vida há um tempo. Não importam as circunstâncias. O que é para ser tem muita força. E mesmo após quase dez meses vivendo na instituição de acolhimento, o tempo de Caio alegrar o lar e os corações de Cintia e Jean já começou. Que esse tempo seja repleto de plenas realizações.

Por Crisley Cavalcante

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