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Relações externas

 

Nas relações internacionais a diplomacia exerce papel fundamental na construção e consolidação da visão que o mundo tem sobre o país. O livro “A Diplomacia na Construção do Brasil: 1750-2016”, do embaixador Rubens Ricupero, é leitura fascinante. Revela 266 anos, desde os tempos coloniais, da luta dos brasileiros para integrar o País com o mundo. Enfatiza, da colônia portuguesa até a contemporaneidade, o objetivo brasileiro de ter presença na comunidade internacional.

Leitura recomendável para os futuros ocupantes do poder que, a partir de primeiro de janeiro de 2019, terão a missão de governar o Brasil. Devem estar conscientes da importância do Ministério das Relações Exteriores na manutenção de relações harmônicas entre estados soberanos. Fundamentada nos ensinamentos da História, entendendo que a diplomacia busca resolver conflitos sem uso da ofensa ou da violência nas relações internacionais.

Como disse a jornalista Eliane Cantanhêde, “política externa é de Estado e não de governo. Em política externa, é o interesse do Brasil acima de tudo e de todos”.
Não existe ideologia nas relações econômicas e comerciais. John Foster Dulles, secretário de Estado dos EUA, definiu: “Uma nação não tem amigos, tem interesses”. A defesa dos interesses nacionais é o grande balizador. O governo de Jair Bolsonaro produziu na área externa, antes de assumir o poder, três extravagâncias diplomáticas contra Argentina, China e países árabes.

Em relação à Argentina, foi ignorado o fato de ser o maior mercado na exportação de bens manufaturados. E sólidas relações econômicas e comerciais. A China, desde 2009, é o principal parceiro e mercado mundial para os produtos brasileiros, com “superavits” crescentes na escala de vários bilhões de dólares, no comércio externo.
Um alinhamento brasileiro com a política exterior do presidente dos Estados Unidos, em relação aos chineses, como em editorial do jornal “China Daily”, principal porta-voz do governo, alertou que “pode custar caro ao Brasil”. Os investimentos da China no Brasil são estimados em R$ 124 bilhões. No comércio exterior, as exportações do Brasil, até agosto, atingiram US$ 74 bilhões. Com elevado saldo que nos favorece nas exportações.

O anúncio da mudança da nossa embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, é gratuita hostilidade aos países árabes. Negando o papel histórico do brasileiro Oswaldo Aranha, quando presidente da Assembleia Geral, apoiava a criação do Estado de Israel e defendeu igualmente a criação de um Estado Árabe-Palestino. O Brasil sempre teve posição definida defendendo dois Estados na região. Se mantida a decisão, os reflexos econômicos e comerciais serão claros. Em 2017, as exportações brasileiras para o mundo árabe representaram US$ 13,7 bilhões com “superavit” favorável ao Brasil de US$ 7,7 bilhões. Hoje, a quarta parceria comercial do Brasil com o mundo, tem nos países árabes mercado em ascensão, destacadamente para os produtos do agronegócio. Os Estados Unidos, ao transferir a sua embaixada para Jerusalém, tem a única companhia de um país periférico, Guatemala. Presidida pelo pastor evangélico Jimmy Morales, adepto da chamada “verdade bíblica” da eterna Jerusalém.
Por tudo isso, não deve o novo governo brasileiro insistir nas relações internacionais em posições de confronto.

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