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Voluntários – Contribuições que mudam vidas

trabalho voluntário é pautado no amor ao próximo, doação e desprendimento. O voluntário é aquele que mais do que vivenciar o seu dia a dia, é capaz de, no meio da correria da vida moderna, olhar para o lado e perceber que há pessoas precisando de ajuda.

No Brasil, 6,5 milhões de pessoas já exerceram, em algum momento, trabalho voluntário. Esse grupo corresponde a 3,9% da população de 14 anos ou mais de idade do país, concentradas nas regiões Norte e Sul do país, que apresentaram as maiores taxas de participação. Nessas duas regiões, 5,6% e 5%, respectivamente, da população em idade ativa, participaram desse tipo de atividade, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Um das pessoas que ajudam a incorporar essa pesquisa é a empresária do ramo de calçadas e sapatos, Dayanni Cavalcante. Há três anos ela é voluntária do abrigo Casa de Jeremias, instituição em Fortaleza que abriga crianças abandonadas de zero a três anos.

Tudo começou quando uma cliente falou a respeito do abrigo para Daianny, que logo se interessou. “Fui conhecer e me encantei. Lá, encontrei uma forma de ajudar e que me preenche demais. Por isso, passei a visitar o abrigo, brincar com as crianças e participar mais efetivamente da vida deles”, disse ela que tem dois filhos, um menino de 15 anos e uma menina de oito, mas que guarda no coração todas as crianças que vivem em abrigos.
A contribuição de Dayanni é feita aliada à sua atividade empresarial. Ela começou fazendo promoções de sandálias: uma sandália em troca de duas latas de leite. “As clientes ficavam surpresas no início, perguntavam se o produto estava com defeito e porque eu estava fazendo aquela ação. Eu fui explicando e algumas delas, em vez de dar duas latas, davam quatro. E assim foi crescendo esse momento”, conta ela.

A ação da empresária acabou por contagiar outros corações. “Algumas clientes também abraçaram a ideia. Uma vez uma me disse que ia fazer uma festa de aniversário e em vez de pedir presentes ia pedir latas de leite para doação. Eu tento ajudar como eu posso, saio pedindo a clientes, amigos e familiars. Essa parceria com o abrigo já dura três anos e alegra o meu coração”, diz.

CORRENTE DO BEM
Para a fonoaudióloga Ana Magda Rezende de Oliveira, o voluntarismo é uma ação necessária ao mundo atual. “Precisamos tentar mudar o mundo de hoje e podemos fazer isso com doação, colocar o que há de melhor dentro da gente em uma causa. Essa é a forma de gratidão que a gente oferece em razão das coisas boas que a vida nos dá. O sentimento de compartilhar é o mais forte que podemos sentir, aquece o nosso coração e nos faz pessoas melhores. O mundo precisa de mais sentimentos assim”, contou ela que é voluntária na Casa de Jeremias.

Mas não foi só essa forma que encontrou de ajudar. Por meio de uma rede de amigos, a mobilização criou uma corrente do bem. Magda reúne os pais da turma do colégio da filha que faz o quarto ano para arrecadar alimentos e brinquedos. Além disso, ela também inclui na ação membros de grupo religioso que participa. “Unidos podemos mais. Se juntarmos forças podemos, a partir das nossas vivências, transformar o mundo, o local em que estamos inseridos. Sabemos que na crise econômica é dificil encontrar voluntários, mas não desistimos”, contou.
O empresário José Alberto Bardawil é outro voluntário da causa. Ele lembrou que atualmente o Brasil passa por problemas sérios em várias frentes, sobretudo no que diz respeito à corrupção, que rouba os brasileiros e tira o direito dessas crianças de ter uma vida melhor. “Diante de tanta indiferença, como cidadão não posso ficar de braços cruzados, alheio a uma realidade tão dolorosa que é o abandono de crianças e adolescentes. Sempre visitei abrigos, em Brasília e em Fortaleza, sobretudo a Casa de Jeremias. Por isso, penso ser preciso cada vez mais união para buscar coletivamente soluções alternativas, e agir contra o abandono para que essas crianças tenham um futuro melhor e possam contribuir com o país”.

Ainda segundo o voluntário, “ser solidário é dividir para somar. Escolhi servir ao próximo porque na verdade estou semeando alegria. Sinto-me privilegiado quando ajudo, pois é uma ação onde todos ganham, o resultado é sempre bom e positivo para todos, pois se trata de uma ajuda mútua, afinal, o que você doa, volta em dobro de alguma forma. Então, que façamos o bem para que nos tornemos pessoas melhores e mais felizes”, salientou.
“A presença dos voluntários nos abrigos é muito importante. O fato de tratarem as crianças com amor, de estarem presentes, de se doarem à causa representa muito”, destacou a diretora do abrigo Casa de Jeremias, Soraya Palhano.

Para ela, é preciso que a sociedade conheça essas instituições e vivencie a causa. “Todas essas ações que o Judiciário vem fazendo é de se aplaudir, porque tem buscado efetivamente aproximar a sociedade dos abrigos, dessas crianças invisíveis. Representa o abrir de portas, pois proporciona um convívio que até então as crianças não tinham. E desse convívio podem ocorrer adoções tardias, ou seja, de crianças a partir de sete ou oito anos. Os voluntários se aproximam delas e podem sentir o desejo de adotar. É esse abrir de portas que os abrigos precisam, e o Judiciário tornou isso possível. Hoje não fica mais nenhuma instituição fechada e assim deve ser, pois não há segredo lá. A sociedade precisa dessa convivência, de conhecer essas instituições. E é um direito das crianças em viver em sociedade”, concluiu.

DEDUÇÃO DO IR
A maioria das instituições que acolhe crianças abandonadas sobrevive somente por meio de doações. Por isso, o trabalho voluntário de pessoas como Dayanni Cavalcante, Adauto Farias e Magda Rezende é fundamental para a manutenção desses locais, que têm alto custo mensal com mantimentos, infraestrutura e mão de obra.
Mais que isso. O voluntário pode ajudar pessoas necessitadas por meio do seu imposto de renda. Pelas lei brasileira, há duas formas de realizar as doações dedutíveis. A primeira pode ser até o dia 31 de dezembro, com a destinação dos recursos diretamente aos fundos e projetos incentivados e, posteriormente, informar a contribuição na Declaração de Ajuste Anual. Ao fazer a contribuição durante o ano, o valor doado é deduzido com correção monetária. Após o encerramento do ano, a opção é fazer a doação no momento da declaração do Imposto de Renda.
É preciso inficar o nome da instituiçao beneficiária, o número de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) ou no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), o código e o valor doado. O programa da Receita Federal informará, automaticamente, os limites de dedução, de acordo com o imposto devido do contribuinte.

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