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Preparação para adoção

A adoção é uma forma de paternidade-maternidade que se estabelece por opção, pressupondo a vontade do pretendente. Não ocorre por acaso, ao contrário da filiação biológica que pode ser desejada e procurada ou, simplesmente, surgir sem que tenha sido planejada. É, portanto, necessário que os que desejam adotar tenham a possibilidade de serem preparados para o exercício da parentalidade, tantos nos aspectos comuns relativos ao exercício do poder familiar ou parental, quanto às questões peculiares da filiação adotivo.

Com efeito, as pessoas que procuram a adoção desejam ser pais. Optam pela adoção em função de motivações diversas, incluindo a eventual incapacidade de gerar filhos naturais, mas não só por isso, porque há aqueles que têm ou podem ter filhos naturais e buscam a adoção. De uma forma ou de outra, a preparação de adotantes é fundamental e deve se constituir numa política pública permanente, destinada a informar e formar pais que tenham a capacidade de exercer suas responsabilidades de forma que a criança ou adolescente possa usufruir de uma relação sadia e estável.

Dentro desta perspetiva, é compreensível que nos esforços formativos para o exercício da paternidade-maternidade sejam levantadas as questões mais delicadas da adoção, que podem envolver as crenças sociais sobre o tema, preconceitos com este tipo de vínculo, ocorrências geradas pela situação de abandono anterior ao qual foi submetido o filho por adoção e vicissitudes processuais e legais que podem existir. Todos os alertas têm sua razão de ser. O que se pretende é criar condições para uma relação satisfatória para a família, evitar erros comuns que podem levar a crises.

Contudo, toda essa gama de advertências, nem sempre lançadas com o cuidado desejável, pode criar um ambiente de atemorização que – somada aos mitos e preconceitos que permeiam o tema da adoção na sociedade – venha a ser prejudicial para a própria formação dos pretendentes. O efeito deletério de uma excessiva exposição dos interessados em adotar aos problemas possíveis num relacionamento de parentalidade adotiva pode redundar no seu afastamento do projeto de paternidade-maternidade ou, pior, fazer com que os futuros pais internalizem o medo, numa submissão silenciosa ao preconceito, atitude que afetará negativamente a convivência familiar.
Assim, se reconhece a importância vital da observação das dificuldades que podem existir no percurso da paternidade sócio-afetiva. A adoção é a solução para a situação de abandono de uma criança, devendo ser tomado muito a sério pelos adultos que se dispõem a recorrer a ela. Tudo deve ser feito para evitar sofrimentos futuros desnecessários. Todavia, aceitando essa premissa da necessidade de comunicação dos riscos e cuidados especiais, é preciso focar nas qualidades especiais do vínculo adotivo e relatar os bem-sucedidos casos, que são abundantes e majoritários. É necessário também falar-se dos ganhos, do amor que se sente.

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