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A lição da França

Lamartine, Alphonse de Lamartine, magro, alto, muito alto, era primoroso poeta e político do iluminismo francês (1790/1869). Escritor, diplomata, foi candidato a presidente da França. Perdeu. Bom para a literatura. Nunca deixou de ser um super francês:
-“Minha pátria é em toda parte onde brilha a França,
onde seu gênio ofusca os olhares deslumbrados!
Cada qual é um clima de sua inteligência.
Sou concidadão de toda alma que pensa.
Meu país é a verdade.”

Hoje a França citaria mais uma vez o Lamartine. Dá uma lição ao mundo. Nestes anos de ditaduras e brutalidades políticas pelo mundo a fora, com tanta violência rasgando leis e prendendo gente, a França realiza eleições exemplares. Não importa apenas quem ganhou. Mas só o fato de 11 candidatos disputarem as eleições, é uma luz para o resto do mundo.

Dos 11, ainda na campanha, restaram seis. Aliás cinco. Na verdade quatro. Mas esses 11 representam o pensamento político de toda uma nação e os quatro finalistas da campanha e sobretudo os dois que sobraram do primeiro turno, traduzem a maturidade do povo francês. Daqui a duas semanas teremos o segundo turno do qual sairá o novo presidente da França. Mas antes os 11 percorreram as televisões, os jornais, as revistas, as rádios, os colégios, os sindicatos, o país inteiro expondo o que pensam. Na verdade de tudo restaram 11 candidatos. Eles são a França política e partidária.
Há gente de todo lado, de todo pensamento. Mas no fim restou uma meia dúzia que expressa as ambições coletivas. O que ficou de uma campanha sobretudo de ideias que abrangeu todo o país de ponta a ponta foi uma mulher valente quase troglodita até jovens mal saídos da universidade. Mas as nações são assim.

Quando têm liberdade de escolher seus caminhos e candidatos, a campanha eleitoral acaba juntando o povo de lado a lado.
O segundo turno está definido. Agora a França não terá mais dúvida de que o jovem Emmanuel Macron é seu melhor presidente. Desde o primeiro instante da vitória subiram no seu palanque o socialista Bonoit Hamon e o republicano François Fillon. Espera-se, para as próximas horas, o exército da esquerda de Mélenchon que ainda esta discutindo. Mas eles têm razão. A esquerda é múltipla, chegam sempre depois no último debate.
Diante do mundo a França tem uma responsabilidade que vem de toda a sua história, desde os romanos. Já na idade média um papa disse que “a França é a filha dileta da igreja” e não só.

Da cultura também. Basta entrar numa livraria, em qualquer país do mundo: a França esta ali, luminosa, iluminada.
O segundo turno francês não é uma opção vazia. Esta direita que ameaça a França não representa apenas um perigo para o mundo. É pior do que isso. É uma visão que compromete a juventude e o futuro. Imaginem esta mulher alucinada querendo expulsar da França os muçulmanos, os asiáticos, os africanos, os de fora, os que não são franceses. E não se diga que ela não avisou. Disse isso durante a campanha inteira. A França unida com a Europa é uma missão de cada francês, de cada europeu. Ainda bem que por enquanto podemos dormir em paz. Um jovem de 39 anos, ganhou o primeiro turno e vai ganhar o segundo. A França é a filha dileta da igreja mas também da Europa e da cultura universal. Cada brasileiro, desde Villegagnon é também um francês.

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