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Fortaleza

Força do querer

Pode parecer estranho o título desta coluna coincidir com o de uma novela televisiva. Foi proposital porque neste mês de julho as notícias eletrizantes sobre a invasão de carros elétricos no mundo se sucederam, como os capítulos dos populares folhetins noturnos de TV.
Primeiro foi o estudo divulgado pela equipe especializada em transportes da Bloomberg New Energy Finance (BNEF), empresa de pesquisa que tem acompanhado a evolução do assunto. O relatório chama atenção para reduções importantes no preço das baterias de íon de lítio que tornarão os elétricos tão baratos como os convencionais. Fala também em cerca de 700.000 veículos leves desse tipo vendidos em todo o mundo em 2016. A equipe agora estima que os elétricos representem 54% de todas as vendas mundiais de automóveis até 2040.

Em seguida a Volvo pegou a onda e seu presidente afirmou que depois de 2019 todos os novos projetos dos modelos da marca terão motores elétricos. Passou pouco mais de uma semana e foi a vez de o governo francês anunciar o objetivo de em 2040 banir a venda em todo seu território de carros equipados com motores a combustão (diesel ou gasolina). Ao mesmo tempo a Tesla 3 saía da linha de montagem nos EUA, seu primeiro “popular” elétrico da marca. Os modelos atuais da marca custam em torno de US$ 100.000, mais que o dobro de um modelo convencional (o “popular” também), mesmo com incentivos governamentais em dinheiro aos compradores.

Todo esse enredo, porém, precisa estar mais bem explicado. Afinal, novela é peça de ficção, algumas até inspiradas em fatos da vida real. Apesar de todo o respeito pela BNEF, certas afirmações estão incompletas. É muito comum somar, sem informar, híbridos (usam motor a combustão e elétrico, recarregável ou não em tomadas) e elétricos puros. Aquelas 700.000 unidades incluem os dois tipos e representaram menos de 1% do que se vendeu no mundo no ano passado.

Passar a 54% em apenas 23 anos é grande exercício de otimismo. O preço das baterias já caiu e continuará a cair, como está no relatório. Mas, terão de ser substituídas e recicladas depois de 10 anos a um preço que ninguém sabe. Isso não aparece no relatório, porém deveria. Volvo pertence à chinesa Geely, fabricante de veículos de capital privado, que deve se enquadrar nas orientações do governo do país. Antes de 2025 o ciclo de modelos atuais da marca sueca não se encerrará e não foi dito se híbridos conviverão com elétricos.

Já o governo francês se enquadra muito bem no título da novela. As intensões são nobres, sem dúvida. Trata-se de um país onde quase toda eletricidade vem da energia atômica, mas faltou explicar a que custo a infraestrutura de abastecimento será implantada. E, novamente, como reciclar milhões de baterias que sairão dos carros ainda com 20% de energia residual. Podem em parte ser usadas em “bancos de energia”, mas depois a reciclagem terá que vir. Também não está claro se o lítio se manterá a preço estável ou haverá nova dependência: em vez de óleo, metal…
A maioria das novelas mostra um final feliz. O carro elétrico também?

Roda Viva

Independente da maré elétrica de otimismo, motor Diesel pode ver sua aplicação restringida em automóveis na Europa. Há movimentos fortes em algumas cidades e países para forçar a indústria a uma atualização da frota circulante. Daimler, pressionada na Alemanha, convocará três milhões de veículos a diesel usados depois de alegar que não tinham problemas.

Porsche, por sua vez, admitiu agora que até o fim desta década decidirá se continuará a oferecer motores diesel nos SUVs e no sedã Panamera. Marca tem apenas 15% de vendas mundiais com essa motorização e pode substituí-la por híbridos a gasolina. Também investe em um sedã totalmente elétrico. Para 2025, estima que entre 25% e 35% da sua produção será de elétricos.
Apliques ajuizados e altura de rodagem elevada em 3,1 cm fazem do Ka Trail um produto adequado na faixa dos pseudoaventureiros. Enfrenta quebra-molas, valetas e buraqueira sem comprometer de forma preocupante o comportamento em curvas. Retoques no habitáculo são discretos. Motor de 1 litro (três cilindros) permite ter preço competitivo.

Peugeotacaba de anunciar iniciativas de peso na prestação de serviços da sua rede de concessionárias para reconquistar mercado. Revisão em 24 horas (se atrasar, cliente não paga); empréstimo de veículo quando o reparo ultrapassar quatro dias, mesmo em casos fora da garantia; reboque gratuito por oito anos, em eventos de pane ou colisão. Exemplo a ser seguido.

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