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Fortaleza

Jango e Brizola

Ontem, no voo Rio-Roma, li um livro imperdível. Até surpreendente, pela idade do autor. Todo brasileiro deve ler, pois preenche um pedaço fundamental da história do País. E foi escrito com honra, alma e verdade. A partir de agora, ninguém mais poderá falar sobre o golpe militar de 1964, sem ler e citar “Jango e Eu – Memórias de um Exílio Sem Volta”, de João Vicente Goulart, filho do grande e saudoso ex-presidente João Goulart (Ed. Civilização Brasileira – Rio)
Não se põe um livro em uma lauda. Em vez de tentar resumi-lo, prefiro citar entre aspas apenas alguns pequenos trechos, que o resumem:
– “Jango chegou a Porto Alegre no auge da crise. Após vários encontros com políticos e militares e de longas conversas para avaliar se haveria condições ou não de resistência, preferiu partir para o exílio, depois
de constatar que resistir naquelas precárias condições logísticas seria ocasionar inutilmente um derramamento de sangue entre brasileiros, o que levaria o país a uma guerra civil de proporções inimagináveis, provocando, possivelmente, até a divisão territorial da nação.
Sua atitude, sem dúvida, foi a mais acertada, mesmo que as diferentes forças políticas, de esquerda e de direita, continuassem a criticá-lo duramente por não resistir. Por que essa crítica seria dirigida apenas a ele? Eu me pergunto. Por que o Partido Comunista não resistiu? Por que Brizola não resistiu? Por que os sindicatos não resistiram? Por que as Ligas Camponesas não resistiram? Por que Arraes não resistiu? Ora, Jango seria o único a se submeter? E onde estavam aqueles que o criticavam?”
“Jango sempre foi legalista. Alguns setores da esquerda – entre as quais estava Brizola -, que desejavam impedir o avanço da direita, é que queriam dar o golpe”….
“Pregavam o avanço, mesmo que pela força ou pela ruptura institucional antes do golpe de direita, o que acabou ocorrendo…
– “Jango não caiu por seus erros, e sim por seus acertos”, como disse Darcy Ribeiro, muito pragmaticamente, em suas declarações sobre o golpe.
“Brizola queria ser nomeado ministro da Justiça e indicar o general Ladário para ministro da Guerra”.
“Jango sabia disso e não jogaria seu povo numa resistência fratricida em nome do poder. Sua atitude preservou a paz da nação brasileira, e, principalmente, nosso território.
– “Por anos, uma pesquisa feita pelo Ibope foi escondida nos escaninhos da Unicamp. Segundo ela, quando ocorreu o golpe, Jango tinha aprovação da maior parte da população brasileira, e, se pudesse concorrer em 1965, venceria as eleições, perdendo para Juscelino apenas em Belo Horizonte e Fortaleza.
Certa vez, enquanto conversávamos perto da lareira em casa, meu pai me contou como ele e o tio Leonel romperam relações. No dia 2 de abril, na casa do general Ladário, Jango decidiu não resistir ao golpe e Brizola queria que ele o nomeasse ministro da Justiça e o general Ladário, ministro da Guerra. Jango não quis, e Brizola disse que ficaria no Brasil para lutar e morrer, porque não concordava em renunciar à luta e ir para o exílio.
“Brizola, no entanto, não conseguiu viabilizar a resistência no Rio Grande do Sul. Jango não concordava com a luta armada que Brizola queria implantar no Brasil.”
“Jango fez as pazes com Brizola pouco tempo antes de morrer”…
“Eles passaram um longo período sem se falar”…

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