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Fortaleza

Um amante da liberdade

Eu disse aos meus pais que eu não queria ser bodegueiro, nem agricultor. Eu queria trabalhar em um negócio em que tivesse as mãos limpas, não as queria calejadas também. Então, me mandaram para Fortaleza. Eu estudava no Liceu quando o Themístocles pediu que eu fosse ao jornal O Estado à noite. Já era quase 22h, conversamos e ele levou um susto porque eu respondi que queria começar a trabalhar naquela hora mesmo, mas ele disse que gostava dessa minha atitude.

O jornal tinha uma galeria muito grande, tinha duas entradas: pela rua General Sampaio e a frente pela rua Senador Pompeu. Em 1960, eu comecei a escrever uma coluna estudantil lá. Eu estudava no Liceu até dez horas e quando saía, ia correndo ao jornal para ficar até o fechamento, uma da manhã. O Themístocles só chegava às 22h, apenas para ver como estavam as manchetes. Quando começavam a rodar os linotipos, já era com o secretário do jornal, o Odalves Lima. Eu também me recordo que o Odalves era muito boêmio e eu o acompanhei muitas vezes com isso. A gente sempre se reunia após o fechamento do jornal, na maioria das vezes no Café da Imprensa que era um lugar maravilhoso. Naquela época, o jornal era uma atividade só dos homens.

Em 1963, o Themístocles se afasta e o jornal começa a entrar em crise. A redação ficou mínima, a equipe ficou bem pequena mesmo, porque todo o pessoal antigo saiu. Ficou somente eu e o Odalves até a chegada do Venelouis Xavier Pereira. O Venelouis era amante da liberdade, muitas pessoas hoje em dia ainda falam a respeito dele, que ele fazia chantagem, mas não tem isso não. Ele saía do controle se alguém dissesse que o jornal era ruim, se não fosse uma crítica produtiva, aí sim ele saía do sério. Contudo, ele adorava o jornal, tratava até de uma forma possessiva, dizia que era dele com todo orgulho.
Eu deixei o jornal em 1970. Fiquei cinco anos na Tribuna do Ceará e, em seguida, voltei para
O Estado como secretário. Mas mesmo nesse período que fiquei longe, mantive a ligação muito forte com o Venelouis.

Helder Cordeiro,
jornalista e ex-editor

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