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A nossa atípica “democracia”

O País atravessa, com certeza, uma das mais delicadas fases da sua História Política. E o que há de mais típico, diferente, na sequência de “imbróglios” que vêm ocorrendo, é que, embora estejamos diante de uma crise que poderá redundar no impedimento de uma presidente, e no melancólico fim de um partido político, o PT, não há a mínima ameaça de que teremos um desfecho marcado pela violência.
Já vimos cair o Segundo Reinado, a Primeira República, a República Velha, os presidentes Washington Luís, Getúlio Vargas, Jânio Quadros, João Goulart e Fernando Collor, sem que tenha sido registrado derramamento de sangue, mas simples escaramuças localizadas, esporádicas, que jamais ameaçaram resultar em deflagração de guerra civil. Diante disso, conclui-se que não temos a vocação para fazer do país um campo conflagrado. O processo de “impeachment” revela um fato político prosaico: não há expectativa de confrontos armados, mas todos os envolvidos, seja de qual lado forem, alegam estar agindo “em nome da democracia”. E isso, tanto da parte dos que querem o fim de um governo via impedimento, como daqueles que, para salvá-lo fazem qualquer negócio, esbandalhando o que resta de cargos públicos e oferecendo dinheiro. Com a mais absoluta certeza, os atenienses jamais imaginaram tantas distorções para o sistema por eles criado.

Falso aniversário. Quarta-feira, dia em que foi festejado o 190º aniversário de fundação, foi, mais uma vez, dia de polêmica sobre a data natalícia da “loura desposada do Sol”. Isso porque, segundo o pesquisador e historiador Adauto Leitão, que já tem provas históricas e científicas, insiste em que a cidade foi fundada em 1604, ou seja, há 412 aninhos…

Apodreceu. Entre os juristas e cientistas políticos que analisam no Brasil de hoje, os fatos causadores da “Lava Jato”, há uma quase unanimidade, no sentido de que há realmente uma crise mais moral do que política. Para o procurador da República, Carlos Santos, que toca a Lava Jato, o sistema político brasileiro simplesmente “apodreceu”.

Profecias. No mundo das ilações em relação aos próximos meses, especula-se livremente sobre tudo. Em Brasília, um programa radiofônico de entrevistas, colocou em debate a seguinte indagação aos ouvintes: caindo a presidente Dilma, e assumindo o vice-presidente Temer, o PT deve ficar no governo ou ir para a oposição? É muita falta do que fazer…

Jogando a toalha? Segundo o jornal “O Globo”, o ex-presidente Lula da Silva, em meio a muitas doses de bom “whisky” entre amigos, no Rio de Janeiro, externava dois tipos de comportamento sobre o momento político: sobre o Governo Dilma, ele disse que “já era”. Sobre Dilma, ele voltou a se queixar de que ela não seguiu os rumos por ele traçados.

Qualidade. Para o jurista Djalma Pinto, que já comandou a Procuradoria Geral do Estado, os partidos continuam sendo os maiores culpados pela má qualidade da maioria dos parlamentos brasileiros em todos os níveis. Na sua visão, partidos que lançarem candidatos desclassificados e corruptos deveriam ser severamente punidos ou extintos.

Justificando. Deve-se fazer justiça a alguns dos políticos que vêm a público para justificar por que apoiam ou são contra o processo do “impeachment”. Um exemplo é o deputado Ronaldo Martins, do PRB. Para ele, “se outros motivos não houvesse para se votar a favor do processo, bastaria a vergonhosa distribuição fisiológica de cargos”.

É Brasil! Em meio à barafunda do processo do “impeachment”, surgiu uma nova categoria de deputados. Trata-se dos “recém-convertidos”, como estão sendo designados os parlamentares que eram contra, mas resolveram apoiar a derrubada do governo. Isso, porque ficou muito fácil identificar quem “se arrumar” para votar com o Planalto…

Preocupação séria. Com o placar antecipado claramente favorável ao “impeachment”, começa a preocupar seriamente os deputados dispostos a votar contra. Um dos motivos tem sido a decisão da oposição, de distribuir e exibir, em todas as cidades um “listão” com os nomes dos que preferiram ficar com a presidente Dilma e seu mal-amado PT.
(REDATOR
SUBSTITUTO)

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