O impeachment observa alinhamentos
ditados pela Constituição
Decano do Supremo Tribunal Federal, Celso de
Mello, para quem impeachment não é golpe
A certeza da queda da presidente Dilma tem provocado verdadeira corrida, nos ministérios, para fechar contratos, antecipar licitações e precipitar despesas. No Ministério da Saúde, segundo servidores relataram a órgãos de controle, é “frenético” o ritmo de assinatura de contratos e antecipação até de gastos previstos apenas para o segundo semestre. Michel Temer poderá herdar o Governo de cofres limpos.
Raspando o tacho
A turma de Michel Temer está de olho: até a Presidência da República tem comprometido contas do Governo em contratos assinados às pressas.
Ministro Picciani
Não admira que o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), tenha votado contra o impeachment. Ele é o ministro, de fato, da Saúde.
Figura decorativa
O ministro é Marcelo Castro, mas todas as decisões administrativas e financeiras importantes, no Ministério da Saúde, são de Picciani.
Rédea curta
Para manter o controle de tudo, o deputado Picciani escolheu até o chefe de gabinete do ministro da Saúde, Guilherme de Oliveira.
Cozinhando Mercadante
O relator do caso, Américo Lacombe, espera informações da PGR, e Mercadante tem 20 dias para apresentar defesa. Nem precisava.
Governo morto
Como a Comissão de Ética Pública só se reúne no dia 16, é provável que o governo já tenha acabado. Dilma pode ser afastada no dia 12.
Cabidão de prestígio
As punições aplicadas pela comissão dificilmente passam de “censura ética”. Como no caso do ex-diretor da Petrobras, Renato Duque.
Vem pra Caixa
A Caixa, que foi prometida a Gilberto Occhi caso o PP apoiasse Dilma, deve ser espaço do partido em eventual governo de Michel Temer. O banco já foi prometido ao PP, mas a vaga já não será de Occhi.
Relação direta
Presidente da Câmara por três vezes, Michel Temer pretende cuidar pessoalmente das relações com os parlamentares, caso assuma a Presidência. Bem ao contrário de Dilma, que tem ojeriza a políticos.
Máquina inchada
Os governistas que sobram desdenham da decisão de Michel Temer de diminuir o ministério. Ele promete aquilo que Dilma foi incapaz de fazer durante os dois mandatos: reduzir a máquina de moer dinheiro.
Zero a zero
Denunciado nas investigações da Lava Jato, o petista Lindbergh Farias (RJ) acusou o deputado Eduardo Cunha, também seu rival na política fluminense, de ser o “chefe da quadrilha na Câmara”.
STF independente
Acumulou 83 mil adesões, em duas semanas, o abaixo-assinado no site Change.org que pede o fim da indicação de ministros do Supremo Tribunal Federal pelo presidente da República.
Caiu a ficha
A iminente destituição da presidente Dilma provocou uma reação generalizada de ocupantes de boquinhas no Governo. Estão todos muito nervosos e ainda mais agressivos.
Chimarrão e bombacha
Crítico ferrenho do Governo, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) promete tomar um chimarrão com Dilma após o impeachment. “Só vou precisar de açúcar, porque vai ser bem amargo acompanhá-la”, diz.
Jogando a toalha
Líder do Governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE) está convencido de que a admissibilidade do impeachment será aprovada. Ele conta que os votos favoráveis à abertura do processo já estão consolidados.
Pergunta no Jaburu
Se fosse golpe, como Dilma reassumiria o cargo após falar mal do Brasil em Nova York?
o poder sem pudor
Convidado pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara, certa vez o aspone da presidente Dilma, Marco Aurélio Garcia, tentava explicar por que o Governo não considera terroristas os guerrilheiros colombianos das Farc. O tucano Luiz Carlos Hauly (PR) provocou: “são bandidos, sequestradores e traficantes”. Fernando Gabeira (RJ) pediu:
– Preciso ouvir o que pensa o convidado sobre o que disse o deputado Hauly. Se ele disser que não fala com sequestrador, tenho que ir embora.
Todos caíram na gargalhada: é que Gabeira participou do grupo que sequestrou o embaixador americano, nos anos 60, durante a ditadura militar.