MARCELO CABRAL
Da Redação

Ancar Ivanhoe é um dos grandes grupos de administração e operação de shopping centers do Brasil. Recentemente, adquiriu, do Grupo North Empreendimentos, as unidades Fortaleza (Bezerra de Menezes) e Maracanaú, além de 75% da operação do Via Sul Shopping. Acreditando muito no mercado cearense, que responde por 15% das vendas globais da companhia, o CEO da Ancar, Evandro Ferrer, concedeu entrevista exclusiva ao jornal O Estado, onde revelou como foi a transação e as expectativas de futuro.

Há quanto tempo estava havendo a negociação para a aquisição dos shoppings do Grupo North Empreendimentos?
Essa aquisição foi realizada em dois momentos, sendo agora a conclusão. Nossa relação existe desde 2012, quando chegamos no Ceará e iniciamos a gestão dos três empreendimentos envolvidos. Em outubro de 2013, já tínhamos inaugurado o North Shopping Jóquei.

Quanto a Ancar está investindo nas aquisições, ampliações e reformas que já estão previstas? Quais seriam as obras a serem realizadas?
Estamos investindo aproximadamente R$ 100 milhões na revitalização completa do North Shopping Fortaleza, incluindo modernização total da fachada, área de circulação, piso em granito, reforma total do forro interno com novo projeto de design para iluminação, novos guarda-corpos, revestimentos de colunas, expansão e revitalização da praça de alimentação, além da chegada de novas operações para complementação do mix.
Não estamos poupando esforços para darmos ao North Shopping Fortaleza o que ele merece no ano em que completará 25 anos de relação com esse público fiel e que tanto nos prestigia. Ele ficará lindo demais e com o carisma de sempre.
No Via Sul, iniciamos também uma bela revitalização da praça de alimentação, reformas nos banheiros, revisão da circulação interna no mall e vários detalhes no seu ambiente, como mobiliário interno, iluminação, paisagismo, trazendo para os nossos clientes um ambiente com muito mais conforto e aconchego. Nosso foco também está no seu mix, que será fortalecido com a chegada de novas operações.

Em quanto tempo devem estar concluídas?
Estamos trabalhando fortemente para que, no Natal de 2016, tenhamos os nossos dois produtos que se encontram em obras, North Shopping Fortaleza e Via Sul, completos e entregues ao mercado local.

Qual a expectativa de retorno do investimento, em tempo e percentual, da Ancar?
A Ancar Ivanhoe comprou ativos já consolidados no Ceará, porém um shopping center trata-se de um investimento de longo prazo. Não podemos abrir estas expectativas, mas garantimos que o retorno está dentro do plano de crescimento da companhia. Acreditamos demais no mercado cearense e no seu crescimento nos próximos anos.

Há previsão de adquirir algum outro empreendimento no Ceará ou construir?
Após a conclusão da aquisição dos North Shopping Fortaleza e Maracanaú, além do Via Sul Shopping, entramos em uma nova etapa, em que a Ancar Ivanhoe se concentrará em consolidar sua presença no Ceará e aprimorar ainda mais os shoppings recém-adquiridos para melhor atender à população. O foco, agora, está nos nossos quatro shoppings no Ceará: North Shopping Jóquei, North Shopping Fortaleza, North Shopping Maracanaú e Via Sul.

Qual o faturamento médio das operações?
Os quatro shoppings apresentam em vendas cerca de R$1,58 bilhão.

Como a capital cearense está posicionada dentro dos investimentos que a Ancar está fazendo País afora?
O Ceará passou a ser muito relevante dentro da nossa carteira de gestão e propriedade de shoppings. O crescimento e as oportunidades da região foram fundamentais para despertar o interesse da companhia em aumentar sua presença na região. Todos os indicadores varejistas nos levavam a acreditar que o Ceará seria uma excelente oportunidade e acreditamos nisso. Com as aquisições, Fortaleza ganha muito mais relevância ao portfólio da companhia e, como reflexo desse movimento, acompanho de muito perto as tomadas de decisão na região.

Qual o percentual que estes equipamentos terão no faturamento global da empresa?
O Ceará é uma praça bastante relevante para o negócio da Ancar Ivanhoe, pois seus equipamentos, somados, representam 15% das vendas globais da companhia. Somando os quatro shoppings, temos no Ceará: 130.000 metros quadrados (m²) de ABL; vendas de R$ 1,58 bilhão por ano; 1.000 colaboradores diretos, 700 lojas e fluxo de três milhões de clientes por mês.

Fortaleza e sua RM receberam, nos últimos anos, várias operações de shopping, e há algumas em obra. O senhor acredita que ainda há espaço?
Difícil afirmar que uma cidade como Fortaleza não possui mais espaço para novos empreendimentos, pois seu próprio desenvolvimento e sua beleza já atraem novos investidores. Eu, particularmente, adoro essa cidade e sempre a vejo diferente cada vez que venho aqui e, assim, passo a conhecê-la melhor. Estamos satisfeitos com a nossa posição atual e percebemos que nesse momento existe uma boa oferta de bons produtos no nosso segmento de varejo, mas também sempre encaro o aumento da concorrência como algo saudável e como uma consequência da exigência dos consumidores. Os clientes passam a ter um leque de opções de compras, entretenimento, serviços e, consequentemente, optam por empreendimentos com um mix mais completo e atendimento de qualidade. O consumidor e a economia medem e nos dizem o momento certo de acreditarmos ou não em um novo investimento. Já a concorrência nos leva a buscar sempre novos caminhos que atendam às expectativas desses consumidores e dos nossos lojistas.

O momento econômico nacional não é alentador, mas há como prever quanto tempo essa situação deverá perdurar?
Acreditamos que em médio prazo a economia se recupere, mas nesse momento estamos aproveitando para fazer a nossa parte e olhar pra dentro da nossa empresa. Acreditamos na nossa economia e sabemos que a crise será passageira. Costumamos dizer que, quando o vento para ou diminui, o velejador precisa ajustar o seu barco, para, quando voltar a ventar mais forte, ele possa navegar com maior tranquilidade. Estamos trabalhando com muita atenção ao mercado e seus movimentos.

Como estão as expectativas da Ancar, relativas ao Ceará, com a vendas de fim de ano?
Esperamos um crescimento tímido, devido ao momento econômico do País, mas, ainda assim, esperamos um crescimento. Existem segmentos que sofrem mais e outros menos e, assim, a média de vendas dentro de um shopping pode ficar próxima a números planejados e realizados no último ano. Temos shoppings aqui em Fortaleza que apresentam números bastante agressivos, como por exemplo o North Shopping Jóquei e o Maracanaú, que são produtos novos e com muita novidade para seus clientes. Porém, sabemos que o momento leva os consumidores a tomarem atitudes mais cautelosas, onde muitos deixam de fazer grandes compras, mas dificilmente deixam de comprar um mimo, um presente, uma lembrança. Assim, acreditamos que caberá ao varejo, de um modo geral, entender essa mudança e se adaptar a uma nova realidade. Não contamos com grandes volumes, mas trabalhamos para receber todos os nossos clientes com muito carinho, proximidade e o maior conforto possível, independente do tamanho da sua compra.

E para 2016, há economistas dizendo que será pior ainda que 2015. O senhor acredita nisso?
Os indicadores apontam que a economia em 2016 continuará difícil, mas a diferença é que esse ano já estamos esperando por isso e assim todos entraremos mais preparados e ajustados a uma nova realidade. Precisamos trabalhar diferente para buscarmos resultados diferentes e é isso que a Ancar Ivanhoe está procurando fazer. Nosso papel é tirar o “S” da palavra crise e transformá-la na palavra crie.

O que pode, e deve ser feito pelas empresas, para reverter este quadro?
Em tempos de “baixa”, a Ancar Ivanhoe tem olhado muito mais para dentro, ajustado sua produtividade com processos mais fortes, um time mais alinhado e unido e uma comunicação clara em relação ao que buscamos e acreditamos. Temos discutido bastante nossos planos e estudado toda e qualquer oportunidade, mas sem sair do nosso foco. Buscamos arrumar a casa para poder entregar aos nossos clientes e parceiros um produto ainda melhor. Não ficamos esperando a crise passar e, sim, procuramos fazer dela um momento de avaliação interna e de identificação de novas formas para se fazer a mesma coisa, que é empreender e gerir shopping centers. Precisamos acreditar e fazer a nossa parte. Precisamos trabalhar com crença, muita vontade e muita disposição. Cada dia é um dia! Acredito que este seja o melhor caminho.

E o Governo Federal, na sua opinião, está fazendo a parte dele?
Como as grandes empresas, o Governo deve organizar a casa para manter o fôlego no momento de turbulência.

Glossário

CEO. Sigla inglesa de Chief Executive Officer, que significa Diretor Executivo em Português. É a pessoa com maior autoridade na hierarquia operacional de uma organização, responsável pelas estratégias e pela visão da empresa.

Portfólio. É uma coleção de trabalhos já realizados de uma empresa ou de um profissional. Muitas organizações têm seus portfólios separados por departamentos ou unidade de negócios..

ABL. Área Bruta Locável. Trata-se do espaço dedicado à instalação das lojas em um determinado tipo de empreendimento, como um shopping center, por exemplo.