O Parlamento da Catalunha, com maioria absoluta dos independentistas, aprovou, ontem, uma resolução para iniciar o processo de separação da região do nordeste da Espanha, com o objetivo de proclamar em 2017 uma república independente.
Os dois grupos independentistas da Câmara aprovaram, com 72 votos a favor e 63 contrários, uma resolução na qual “declaram o início do processo de criação do Estado catalão”, que não ficará condicionada às decisões do Estado espanhol”.
A validade da resolução parece efêmera diante da já anunciada impugnação pelo governo espanhol do primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy.
“O imediatismo da atuação do governo será absoluto, nesta mesma semana será enviado o recurso ao Tribunal Constitucional”, advertiu na sexta-feira (6) a vice-premiê Soraya Sáenz de Santamaría. A aceitação do recurso a trâmite por parte do tribunal implicaria a suspensão automática da resolução.
Pacto
A ação de Rajoy conta com a aprovação do partido socialista PSOE e do centro-liberal Ciudadanos, com quem se reuniu na semana anterior para forjar um pacto contrário à secessão antes de embarcar na pré-campanha das eleições legislativas de 20 de dezembro.
Somente o partido de esquerda Podemos se distanciou, defendendo um referendo de autodeterminação para resolver este conflito, que marcará a campanha e a próxima legislatura.
O nacionalismo catalão é uma longa construção histórica que ressurgiu no fim do século 19, atravessou a ditadura franquista (1939-75) e floresceu após a aprovação do Estatuto da Autonomia em 1979, na redemocratização.
O movimento ganhou força com a crise econômica na Espanha desde 2008. O país perdeu 7% do PIB com a recessão e viu o desemprego chegar a 25% –hoje, o índice nacional está em 22%; na Catalunha, em 19%.
Em setembro, partidos pró-independência ganharam a maioria absoluta das cadeiras do Parlamento regional, em eleições marcadas por um caráter plebiscitário devido à determinação do grupo vitorioso de iniciar unilateralmente um processo de separação.