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Fortaleza

O documento do PMDB

A entrevista do ex-presidente Lula foi um dos grandes acontecimentos políticos da semana passada. Apesar do mau momento no prestígio do ex-presidente assim como do PT revelado por seguidas pesquisas de opinião, Lula ainda é um grande encantador de serpentes. Agora, neste momento em que está nítido que a presidenta Dilma não demonstra condições para tocar o País frente às grandes dificuldades que vivemos fruto da combinação das crises política, econômica e ética, assim como a Oposição não apresenta uma projeto claro de poder, surge a proposta do PMDB, “Uma Ponte para o Futuro”, lançado no apagar das luzes do mês do mês passado, dia 29 de outubro.

O PMDB não é flor que se cheire. É tido e havido como um câncer político por seus mais duros críticos, muitos acreditam que o País seria melhor sem ele, outros tantos reclamam do status montado de verdadeira confederação de interesses com suas muitas lideranças regionais que seria a maior justificativa para o presidencialismo de coalizão (exaurido). Descontados os arroubos, o partido é o maior do País, está em todo canto e fica cada vez mais evidente que a agremiação foi e é fundamental para o equilíbrio político do País, que escolheu entrar numa falsa polarização em torno de uma pauta social nos últimos 25 anos.

O PSDB e o PT montaram estratégias de diversidade para ganhar a atenção dos eleitores ávidos por bônus, após a conquista da estabilidade econômica. O PMDB quase sempre esteve com eles na montagem desse falso dilema. Quando somos emparedados pelos legítimos conservadores vemos que PSDB e PT são, efetivamente, irmãos bíblicos divididos no nascimento. O documento apresentado pelo PMDB, e que gerou alguma polêmica no plenário do Senado na semana que passou, ganha importância ainda maior às vésperas do encontro novembrino do partido que é o principal aliado(?!) do PT no governo Dilma, ao tempo que é o principal aliado(?!) numa alternativa de poder pós-Dilma.

O mais importante do documento é que ele parece dizer para o País que existe alternativa fora da esquerda, assim como consolida o entendimento de que os programas sociais devem ser mantidos e cuidados. O PMDB nasceu como um partido liberal, face a seu compromisso com o retorno da democracia, porém o maior lema do primeiro governo da Nova República foi o social. O documento do PMDB foi torpedeado no plenário do Senado como um advento liberal. Na verdade, descontada a retórica dos agentes políticos que o questionaram, neste primeiro momento, existe no movimento da cúpula peemededebista, ao apresentar tal documento, a sagacidade política de colocar às claras o populismo fiscal dos petistas e a falta de proposta do tucanos.

O PMDB encara de frente a questão orçamentária, o chamado orçamento base zero, em que se teria obrigação de obedecer a previsão de receitas e despesas e fazer, a cada ano, uma avaliação de agentes e programas. Isso apavora setores da sociedade que temem a questão da meritocracia, assim como enfrenta questões como o fim da indexação da economia em vários setores ou encara de frente que o modelo de partilha não deu certo para o setor do petróleo. Enfim, pode ser só uma jogada dos craques da política, coisa para ver se cola, típica do Brasil, mas é inegável que nos obriga a refletir sobre um novo Estado.

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