A Prefeitura de Fortaleza anunciou que não irá mais demolir a Praça Portugal: o novo projeto irá retirar quatro metros do núcleo central e redução de até 80% dos custos previstos. Apesar das saudações que os vereadores fizeram, na manhã de quinta-feira, dia 5, ao prefeito Roberto Cláudio durante a sessão da Câmara Municipal de Fortaleza, João Alfredo subiu à tribuna para lembrar que o mérito do recuo do Executivo é dos movimentos sociais e dos profissionais que há dois anos se opõem à demolição.
“Hoje vieram com todas as loas ao prefeito porque este resolveu não mais destruir a praça, mas durante os últimos anos os que lutavam pela praça, como eu, fomos aqui [na tribuna] massacrados, chamados de radicais, sectários, porque a única saída era derrubar a praça”, enfatizou o vereador do PSol. Para ele, é importante que a memória dos debates acerca da obra não seja esquecida.“A história não é antiga.
A história é muito recente para que as pessoas desconheçam o que aconteceu e desconheçam também que houve na cidade de Fortaleza um movimento de resistência cidadã que envolveu não só os moradores da área, mas principalmente arquitetos, urbanistas, ambientalistas, historiadores, antropólogos, universidades, organizações não governamentais, que se uniram em defesa daquele patrimônio”, afirmou João Alfredo.
Os últimos recursos para tentar salvar a memória da praça foram os pedidos de tombamento submetidos aos conselhos municipal e estadual de proteção ao patrimônio. As duas solicitações foram negadas: no Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural (Comphic), pelo voto de minerva do secretário Magela Lima em julho de 2014, e no Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (Coepa), em julho de 2015, depois do que João Alfredo considerou como “manobra vergonhosa” do Governo do Estado, que mudou às vésperas da votação da composição do Conselho. “Eu não tenho expertise técnica para dizer que essa é uma boa ou a melhor solução, mas tenho que ressaltar que o núcleo da praça, reconhecido por alguns antropólogos e historiadores como patrimônio de natureza arquitetônica, cultural, histórica, simbólica, vai ser preservado”, comemorou João Alfredo.
Ele ressaltou ainda o parecer sobre a relevância do local produzido pelo ex-superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Ramiro Teles, e parabenizou os movimentos em defesa da praça nas pessoas de Olga Paiva, Clélia Monastério, Clélia Lustosa, Aderbal Aguiar, Adriano, José Otávio e Erika Cavalcante. “Parabéns ao movimento social e aos profissionais que resistiram e fizeram com que o prefeito, às vésperas da eleição e talvez influenciado pela baixa aceitação, fizesse essa revisão. Quem ganha com esta revisão é a cidade”, concluiu. Penso eu: Meu Deus!
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