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Dilemas e a falta d`água

Os atentados em Paris (FRA) na sexta-feira, 13, e o rompimento das barragens da Mineradora Samarco na região de Mariana, em Minas Gerais(BR), estão nos revelando grandes problemas contemporâneos, típicos das democracias, que nos levam a verdadeiros desafios que só a política será possível de resolver. Vamos começar com o nosso caso do Brasil.

As barragens da Samarco, destinadas a receber os rejeitos dos processo de mineração que existe na região, eram consideradas das maiores do Planeta. Só agora soubemos, o Brasil soube. É inegável que tamanho empreendimento deveria ter a atenção da mesma magnitude. O maior e mais robusto programa público e privado de controle ambiental. Não tinha. Os pesquisadores apontam que deveremos enfrentar dificuldades, ainda não quantificadas, que poderão exigir, no mínimo, duas décadas de cuidados, zelo e investimentos para repormos o que perdemos, claro, excetuando as vidas perdidas que não podem ser compensadas.

A Vale, empresa que é uma das controladoras da empresa Samarco, dona das barragens rompidas, é a maior financiadora dos políticos em vários estados, como Minas Gerais e Espírito Santo – os mais atingidos com o caso. A bancada do Espírito Santo só tem um deputado federal que não foi financiado pela empresa. No Mundo, existe disso. Empresas, conglomerados nacionais e multinacionais, que substituem o Estado. Isto prova que elas não são melhores que os Estados, tão criticados por aqueles que defendem a diminuição do Poder Público.

Na França, face às investigações que estão sendo feitas por toda a Europa(Grécia, Bélgica e Alemanha), vimos que os atentados orquestrados que mataram 129 pessoas e feriram mais de 350 são muito mais que uma tragédia na disputa entre o Islã e o Ocidente. As pessoas envolvidas nos atentados são vinculadas ao Estado Islâmico(Isis, para os europeus, e Daesh, para os islâmicos), porém a associação entre franceses, europeus e pessoas vindas de países sob a influência do jihadistas nos revela que isso se deu pois eles foram fortalecidos pela grandeza europeia de receber em suas terras os despatriados, que fugiam da violência desses mesmo Estado Islâmico na Síria, Eritreia e Iraque. Sim! Grandeza ocidental de ser solidária às famílias que fugiam da barbárie dos apoiadores da defesa dos califados.

O Estado Islâmico não esconde que tenha infiltrado mais de 4 mil dos seus jihadistas entre os milhares de refugiados. Depois do que aconteceu, quantos terão pruridos para garantir a grandeza de qualquer civilização que é a solidariedade entre os povos?! Vivemos um período em que os europeus pensavam estar resumido à loucura americana da época dos Bush( os corruptos da guerra do terror). Temos que encarar grandes dilemas da democracia.

Qual o tamanho da atividade econômica privada para que todos tenham o bem comum? A solidariedade entre os povos deve ser desprezada em nome da sobrevivência? São dilemas aparentemente distantes de nós, especialmente do brasileiro que vive a crise da falta d`água no meio do semiárido nordestino. Pode ser que nossa aflição cotidiana fale mais alto, porém a humanidade somos todos nós!
Eis o mistério da fé.

Genésio Araújo Júnior
Jornalista

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