30.1 C
Fortaleza

A crise moral contamina a sociedade

O maior risco que o Brasil vive hoje é o de uma grave convulsão social. Não se trata de ameaça institucional, nem de golpe de Estado — longe disso — ou golpismo de casuístico com viés meramente partidário. O risco é o de que caminhamos para uma convulsão social e os sinais são claros nos protestos da sociedade civil. Ela ganhará volume na mesma proporção ao aumento da ausência de autoridade do Estado brasileiro e à generalização da Lei de Gerson expressa na cúpula da chamada “elite” política do País.

Um Estado predador, omisso e padrasto quando assaca o trabalhador e o contribuinte, quando caça direitos e quando constrói um discurso baseado na mentira só pode ter como resposta a ruptura. Essa convulsão será inevitável com o fim do Contrato Social quando direitos civis são solapados pelo Estado e quando a Constituição é violentada ao extremo onde cláusulas pétreas e direitos como do segurança, saúde e educação são negados no extremo da irresponsabilidade. Temos uma presidente da República vítima do seu próprio veneno, herdeira de uma crise que ela própria construiu, gerenciando um Governo cheio de problemas estruturais fundados na ausência de planejamento e gestão.

Seria ela verdadeiramente um “coração guerreiro” se tivesse chamado o povo brasileiro, no momento exato, para anunciar o problema estrutural que teria herdado. Mas não, mergulhou em um mar de mentiras que se sustentou na mentira seguinte e esta na próxima mentira até estar atolada em decorrência de suas fraudes retóricas.

A crise moral consolidou-se no dia seguinte à reeleição da presidente. Ela sim, virou ícone da maior crise do Brasil. As ações no banco moral foram ao fundo do poço, a presidente, sem credibilidade levou o país para uma sinuca de bico. Se tivesse sido verdadeira e solidária, se tivesse saído do seu pedestal arrogante, Dilma certamente teria ganho a opinião pública, pelo menos parcialmente. Mas, ao contrário, ela insistiu no erro, insistiu na maquiagem contábil de um Governo com enorme rombo no caixa. E se deixa manietar pelo Mefistófeles trapalhão — sabe-se agora — do Lula, talvez a maior decepção de pelo menos menos três gerações de eleitores no Brasil. É só vermos o tamanho das dissidências e a dissonância de alteridades do PT de Lula para constatarmos o tamanho do seu (dele) desvio moral.

Uma sigla que se diferenciava ao conduzir a bandeira da restauração da moralidade na política só agravou o problema. A restauração da sigla só será possível com o expurgo radical do núcleo duro hegemônico do partido e com a autonomia de novas lideranças e de petistas históricos não inoculados pelo vírus da corrupção. Eles existem e alguns têm até mandato.

Mas, voltando ao nosso objeto, a crise moral que contaminou o País se irradia na sociedade. A violência cresce impulsionada pelo crime organizado e pela ausência de uma política nacional de segurança. Nossa Polícia mais eficiente, do ponto de vista do que se pode chamar de “inteligência policial, a Polícia Federal, está assoberbada pelas investigações dos crimes do colarinho branco. Nossas fronteiras, totalmente vulneráveis, fazem do Brasil o maior exportador de cocaína do mundo — e, vejam, não produzimos um grama de cocaína. No plano estadual cearense, a ausência de autoridade se reflete no aumento da criminalidade e na visível inapetência do Governo local para lidar com problema.

O Estado, guardião e restaurador moral das menores apreendidos, pelo contrário, entrega-os ao descaminho e ao desespero. Em um Estado ausente que rasga o Contrato Social está o combustível da convulsão e da desobediência civil. Nunca, na história desse País, vimos uma ausência tão gritante de autoridade moral do Estado. Uma saída inicial seria extirpar os amorais que aí estão, palitando os dentes. E a presidente que jogou sua autoridade pelo ralo.

Luís Sérgio Santos
Jornalista

Mais Lidas

Entenda 2º projeto aprovado da reforma tributária

A proposta aprovada pelos deputados trata das regras do Comitê Gestor do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) de estados e municípios, que será...

Férias

As colônias de férias espalhadas pela cidade tem sido muito procuradas pelas crianças neste mês de julho. São espaços onde o contacto com a...

Delfim Netto e o ‘Milagre Econômico’

Antônio Delfim Netto, economista catedrático e político brasileiro faleceu nesta segunda-feira (12) aos 96 anos. Foi ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento,...
spot_img