27.8 C
Fortaleza

2015: O ano em que não fomos humanos

Um vídeo viralizou na internet. A menina é agredida, levanta-se e diz, com a mão na cintura: “Já acabou, Jéssica?”. Aqui, após uma temporada de Terror no mundo, perguntamos: ‘Já acabou, Senhor 2015?”.
Comecemos com a primeira reflexão: “Os Irmãos Karamazov” foi considerado por Freud como o melhor livro de todos os tempos.

E, em histórias quase sempre repletas de morte, o escritor russo ainda ecoa, na época atual, com todo esse terrorismo sofrido em nossa civilização. Aqui, no entanto, será proposta uma relação sobre a perspectiva do autor russo e da psicanálise no que tange ao medo do terror. Recentemente, pois um atentado chocou o mundo. A revista francesa Charlie Hebdo, de conteúdo satírico, foi atacada por dois irmãos vestidos de negro e munidos com fuzis kalishnikov (AK-47).

Doze pessoas morreram, cinco ficaram com ferimentos graves. Este acontecimento, como tantos outros em toda a história, causam uma fobia global. É como se, inconscientemente, a pulsão de morte estivesse sempre presente em todos após eventos terroristas. Podemos, na psicanálise, falar de um inconsciente social?

É preciso avançar no campo social, no campo institucional e nos preparar para a mutação da forma da psicanálise. Sua verdade eterna, seu real trans-histórico não serão modificados por essa mutação. Ao contrário, eles serão salvos se apreendermos a lógica dos tempos modernos. (Jacques-Alain Miller, 2003, p. 324.)

Sem contar os mortos do Curió, aqui do meu Ceará, corpos sem poesia e desprovidos de amor. Esse ano, pois, também choramos, numa sexta-feira 13; bombas nas luzes de Paris. E os escombros em Mariana, Minas Gerais?

E o que Fiodor Dostoievski, o grande escritor russo, pode nos falar desse homem cruel, vítima e praticante do terrorismo? Suas obras são conhecidas por abordar temas como assassinato, autodestruição e tantos e tantos outros aspectos ‘’sombrios’’ da condição humana. Este caráter atemporal, que certamente influenciou a psicanálise, pode ser encontrado em seus principais escritos e da maneira que ele retrata a vida e a morte o o SER. Para compreender a indagação só existe a vida porque existe a morte é preciso ter sensibilidade. Onde está a poesia viva?
Sabemos que um artigo de jornal não salvará o mundo do Terror. Como dizia Renato Russo: “Bombas de nêutrons não foi Deus quem fez”. E agora devemos encerrar esse texto, afinal se não vencemos o medo e a fome, ao menos alimentamos o espírito.

Madson Lima de Oliveira
Escritor

Mais Lidas

Entenda 2º projeto aprovado da reforma tributária

A proposta aprovada pelos deputados trata das regras do Comitê Gestor do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) de estados e municípios, que será...

Férias

As colônias de férias espalhadas pela cidade tem sido muito procuradas pelas crianças neste mês de julho. São espaços onde o contacto com a...

Delfim Netto e o ‘Milagre Econômico’

Antônio Delfim Netto, economista catedrático e político brasileiro faleceu nesta segunda-feira (12) aos 96 anos. Foi ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento,...
spot_img