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Profissionalização do magistério

Se o Brasil formasse médicos como professores, os pacientes morreriam. A afirmação é do ministro da Educação, Aloízio Mercadante, que virou título de uma entrevista sua ao jornal Folha de S. Paulo, edição de 28 de novembro último. Ele defende mais profissionalização na formação do professor para dar qualidade ao ensino brasileiro.

Segundo Mercadante, que há pouco retornou ao MEC, a formação dos professores tem que se voltar para a prática. O pensamento do ministro está alinhado ao de especialistas em educação, como o economista Cláudio de Moura Castro, que defendem uma pedagogia do feijão com arroz, centrada no ato do ensino e aprendizagem.

A percepção que se tem é que a formação dos professores, muito afastada da realidade do chão da escola, da prática de sala de aula, dificulta o exercício básico do magistério. Os professores recém-formados chegam às escolas com muito respaldo teórico, mas sem a devida compreensão do mundo de seus alunos.

Veio à berlinda o desempenho das universidades que preparam os docentes, “principalmente no setor privado”, de acordo com o ministro, que anunciou a exigências de contrapartidas para repassar as verbas dos programas federais a essas instituições. Ele apontou como grande problema o ensino médio, onde apenas 70% dos jovens estudam, e a grande parte fora da idade correta.
Não há como melhorar a qualidade da educação sem passar por melhoria na formação do professor, que deve ser continuada. O ministro cita o caso do desempenho do Ceará, com referências elogiosas. Lembro que a colheita na educação aparece tempos depois do plantio.

Nos anos 90, o grande desafio do Ceará era formação de professores, pois a rede pública contava com enorme contingente de professores leigos. A LDB exigia a qualificação para o comando da sala de aula e deu prazo para que a situação se resolvesse, sob pena de retenção de salários.

Na época reitor da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), iniciamos uma verdadeira operação de guerra para qualificação profissional. Constou de um curso de pedagogia, cuja formatação levou em conta nossa realidade regional e a da condição de professores alunos ou alunos professores.
No período, formamos mais de 50 mil professores, êxito só alcançado pela expertise dos profissionais da UVA e pela condição de se ofertar o curso na cidade onde morava e trabalhava o professor.

A partir daí, é um trabalho que exige a formação continuada. Se todos nós estamos condenados a estudar para sempre, mais ênfase ao professor, que forma todas as demais profissões. Aloízio Mercadante é um entusiasta do Programa de Alfabetização na Idade Certa, que ele levou ao Planalto e agora, com sua volta ao MEC, tem condições de implementar.

O MEC tem estudos atestando que 22% das crianças não leem na idade adequada, 34% não escrevem, e metade não aprende a matemática até os oito anos. Além do mais, o avanço que ocorreu na educação não alcançou os mais pobres, perpetuando uma desigualdade que caberia à educação a missão de combatê-la. A profissionalização do magistério é mais do que urgente.

Professor Teodoro
Dep. Estadual

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