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Impeachment

O pedido de impeachment aceito pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, contra a presidente Dilma, verificou-se num momento ímpar, inusitado, em que a classe política brasileira, em poucas vezes, esteve tão desacreditada e “vilipendiada”, junto à opinião pública.

Após as eleições de 2014, pesquisa realizada pelo Datafolha pontuou que 71% dos entrevistados não tinham preferência por nenhum partido político, enquanto, uma outra feita pelo Ibope mostrava que o Congresso Nacional ocupava a penúltima posição entre 18 instituições pesquisadas, incluindo-se a igreja e o Exército, como as de maiores confianças. Lamentável a repulsa dos internautas ou entrevistados à classe política, contrapondo a deputados, senadores, vereadores, prefeitos, ministros de Estado, qualificando-os pela bandeira da antipolítica, como corruptos, desonestos, voltados tão sómente para interesses pessoais, partidários, sem conduta ilibada, embora, se saiba que uma democracia plena passa por sua representatividade política, partidária, desde que autêntica, verdadeira, comprometida com o bem estar da sua população.

À leitura de cientistas políticos, o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, não obstante uma crise aguda de impopularidade, decorrente de meios escusos para a sua reeleição, por falta de governabilidade para despertar as nossas forças políticas para um projeto de ajuste fiscal, uma base aliada fragmentada, no seu apoio pelo Congresso Nacional, projeta-nos para um aprofundamento de uma crise política e econômica, que parece não ter fim, deixando o Brasil mergulhado numa crise institucional jamais vivenciada. Seus primeiros efeitos negativos já se registram, ou sejam: os poderes Executivo e Legislativo, através da presidente Dilma e Eduardo Cunha, a cada momento, se agridem, trocam escárnios, como mentirosos, acusações pessoais, enfim, numa postura indesejável de um País civilizado como o Brasil.

Sem entrar no mérito da questão, o processo de impeachment é um recurso legítimo, admissível em nossa Constituição. Portanto, não se constitui num golpe, como, falsamente, se propaga pelo Governo. O país está parado, a “economia vai de mal a pior”, quando o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 1,7%, no último trimestre, que ocorre pela sexta vez consecutiva, há um ano e meio, a economia brasileira vem levando o País para o desemprego, inflação beirando dois dígitos, uma previsão orçamentária deficitária para o ano de 2016, superior a R$ 120 bilhões, Enfim, um descrédito da população para o Governo atual, sem perspectiva de melhores dias. A solução para superação desta crise endêmica passa por uma imediata reforma político-partidária e o imperativo de formar-se um “governo com programas comuns, sem as mazelas da prática de troca de favores políticos, que buscam, apenas a manutenção do poder”.

João G. Filho
Acad. Limoeiro  de Letras

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