Como está sendo o comportamento do consumidor, com a inflação mais alta, ameaça de desemprego e menor renda disponível? Que categorias ele privilegiou e quais deixou de comprar em 2015? Estudos da Kantar Worldpanel mostram dados importantes. Muitos brasileiros fizeram conquistas importantes nos últimos anos: carro novo, casa própria, mais lazer, viagens, vestuário e despensa mais abastecida, tanto em quantidade quanto em qualidade, é bom frisar. As categorias premium se consolidaram em armários e geladeiras. Tiraram lugar de commodities e proporcionaram às famílias ganho de praticidade, conveniência, sabor e bem-estar. Mas será que permaneceram nas mesas e nelas estarão no decorrer desse novo ano? A inflação subiu, os gastos aumentaram, e o poder de compra caiu. Isso é fato, mas quais foram as consequências das oscilações da economia para o bolso do cliente e, claro, para o desempenho de canais e cestas de consumo?
A nova China
A China abriu 2016 assustando os mercados. A desaceleração chinesa soma-se à deterioração das expectativas domésticas, endossando as previsões de alta do dólar e recessão. E a ameaça da China sobre a economia brasileira vai além do efeito da desaceleração do crescimento do nosso maior parceiro comercial. Se a China apenas estivesse desacelerando o crescimento de 10% para 7% ou 6%, não seria um problema, segundo Simão Silber, professor de economia da USP.
A nova China II
Segundo ele, o mais grave é a mudança do modelo econômico chinês, do crescimento baseado em exportações, investimentos e indústria para outro, baseado em serviços e consumo. O novo motor de crescimento chinês é menos dependente de commodities, como o minério de ferro. Grandes obras de infraestrutura como portos e aeroportos foram construídas até em excesso, assim como plantas de indústrias, como siderúrgicas, e moradias. Estas obras vinham alimentando a demanda do gigante asiático por matérias-primas. Agora, a maioria delas está pronta.
A nova China III
A “nova China” representa uma mudança em sentido oposto ao que o Brasil tenta fazer. A economia brasileira teve, nos últimos anos, excesso de consumo, enquanto investimentos e poupança doméstica foram insuficientes e as exportações, fracas. A transição na China encontra o Brasil atrasado no seu próprio processo de mudança e com cenário econômico deteriorado após equívocos dos últimos seis anos, diz Silber.
Queda
O preço médio de venda dos imóveis terminou o ano de 2015 com alta de 1,32%, informou a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. Esta foi a menor alta anual registrada pelo FipeZap, cuja série histórica foi iniciada em 2010. Como a inflação esperada para o IPCA (IBGE) no período é de 10,72%, o preço médio anunciado do metro quadrado apresentou queda real de 8,48% no ano passado. Em 2014, o aumento do preço médio foi de 6,7%, considerando as 20 cidades pesquisadas.