No primeiro semestre de 2024, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou créditos no valor de R$ 66,5 bilhões, marcando um impressionante aumento de 83% em comparação ao mesmo período do ano passado. Em relação ao primeiro semestre de 2022, a alta chega a 107%. Os dados, divulgados nesta terça-feira (13), mostram que o setor de infraestrutura foi o destaque, com um crescimento de 146% e um total de R$ 26,3 bilhões aprovados. Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, destacou a inovação no financiamento da Via Dutra, o maior projeto rodoviário do Brasil, com R$ 16 bilhões no total e mais de R$ 10 bilhões aportados pelo banco.
Outros setores também mostraram crescimento significativo: a indústria viu uma alta de 81%, comércio e serviços cresceram 70% e a agropecuária teve um aumento de 31%. O diretor financeiro do BNDES, Alexandre Abreu, observou que o aumento de 204% na agropecuária em relação ao ano passado reflete a relevância do banco para
o setor, com R$ 14,2 bilhões em aprovações de crédito.
Além disso, R$ 29,3 bilhões foram destinados a micro, pequenas e médias empresas, um aumento de 53% em relação ao ano anterior, e R$ 10,7 bilhões foram alocados por meio de bancos cooperativos e cooperativas de crédito, um crescimento de 128%.
No que diz respeito aos desembolsos efetivos, o BNDES liberou R$ 49,3 bilhões no primeiro semestre de 2024, representando um aumento de 21% em relação ao mesmo período do ano passado e 47% superior a 2022. O banco espera que seus desembolsos finais de 2024 correspondam a 1,3% do PIB, superando os 1,1% de 2023.
A carteira de crédito do BNDES alcançou R$ 530,2 bilhões, um aumento de 11% em relação ao primeiro semestre de 2023. A taxa de inadimplência está em torno de 0,07%, bem abaixo da média do mercado, que é de 0,41%. Em relação ao Rio Grande do Sul, que foi fortemente afetado por chuvas no segundo trimestre, o BNDES forneceu R$ 9,7 bilhões em apoio, incluindo créditos emergenciais e solidários, além da suspensão de pagamentos. O Novo Fundo do Clima, que desembolsou R$ 800 milhões em 2023, está previsto para investir R$ 5 bilhões neste ano, com planejamentos de R$ 12,5 bilhões em 2025 e R$ 14,6 bilhões em 2026.
No aspecto financeiro, o BNDES reportou um lucro líquido recorrente de R$ 7,2 bilhões no primeiro semestre de 2024, quase o dobro dos R$ 3,7 bilhões registrados no mesmo período do ano passado, impulsionado principalmente por intermediação financeira. O lucro contábil, incluindo dividendos de empresas nas quais o banco tem participação, como Petrobras, JBS e Eletrobras, totalizou R$ 13,3 bilhões. O patrimônio líquido do BNDES é de R$ 160 bilhões, e a previsão é contribuir com R$ 21,06 bilhões para o resultado primário do Tesouro Nacional neste ano.
Na avaliação do economista Helder Cavalcante, o desempenho do BNDES no primeiro semestre do ano demonstra um robusto crescimento no setor de crédito. “Este crescimento é notável em vários setores, com destaque para infraestrutura, que registrou um aumento de 146% no volume de crédito aprovado. O financiamento inovador para a Via Dutra exemplifica como o BNDES está priorizando projetos de grande escala e impacto significativo. O aumento significativo no crédito para micro, pequenas e médias empresas, assim como para bancos cooperativos, reflete uma estratégia de inclusão e apoio às bases da economia nacional, promovendo um ambiente mais dinâmico e acessível para os negócios de menor porte”, disse.
Lucro
O BNDES reportou um lucro líquido recorrente de R$ 7,2 bilhões no primeiro semestre de 2024, um aumento significativo de 94,3% em comparação ao mesmo período do ano anterior, que foi de R$ 3,7 bilhões. O resultado é atribuído principalmente à expansão das operações de intermediação financeira, focadas em créditos para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs).
Os desembolsos do banco atingiram R$ 49,3 bilhões, representando um crescimento de 21% em relação ao primeiro semestre de 2023. Alexandre Abreu, diretor financeiro e de crédito digital do BNDES, destacou a efetivação de investimentos substanciais em diversos setores da economia, ressaltando que a retomada do crédito é uma realidade consolidada.
Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, comemorou os resultados e indicou planos para uma contribuição significativa ao esforço fiscal do governo. A instituição prevê transferir ao Tesouro Nacional mais de R$ 15 bilhões em dividendos aprovados para este ano. “Este montante supera 100% do lucro do ano anterior, reforçando nosso apoio à meta de superávit primário e à redução da taxa de juros”, afirmou Mercadante. No contexto do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o BNDES tem buscado retomar seu papel de protagonista no financiamento de projetos importantes em áreas como inovação e transição energética. O banco também é peça-chave no plano de fomento à indústria anunciado pelo governo no início do ano, apesar de algumas críticas de economistas que veem essa política como uma repetição de iniciativas anteriores.