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Auxílio evita maior queda do PIB cearense

Com cerca de 3,4 milhões de famílias cearenses beneficiadas com as seis parcelas do auxílio emergencial, pago pelo governo federal, em 2020, e a movimentação de quase R$ 15 bilhões na economia do Ceará, a queda do produto interno bruto (PIB) cearense deve ser menor que a nível nacional.

Foto: João Florenço/ O Estado CE

A informação é do diretor do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), João Mário de França, que falou sobre os impactos do auxílio emergencial na economia cearense em live realizada pelo Conselho Regional de Economia (Corecon-CE) na noite de terça-feira (23).

De acordo com o diretor do Ipece, a queda do PIB cearense, em 2020, deve ficar em torno de 4%. A queda, segundo ele, já era uma projeção petrificada, não só para o Ceará, como em todo o Brasil devido à crise causada pela pandemia do novo coronavírus. No entanto, segundo João Mário, essa queda deve ser menor no Estado por conta da injeção de recursos originados do auxílio emergencial.

“O auxílio emergencial movimentou o comércio, a economia dos pequenos municípios, sustentou a demanda, então parte dessa queda (do PIB) não ser maior a gente coloca na conta do auxílio emergencial. É uma pena que acabou em dezembro e a gente não teve continuidade em janeiro e fevereiro, e as pessoas estão em situação muito precária, juntando com a segunda onda da pandemia”, afirmou o diretor do Ipece.

A volta do auxílio emergencial vem sendo motivo de debates nos últimos dias desde que o presidente Jair Bolsonaro confirmou seu retorno, com previsão para março. A necessidade de prorrogação do benefício se torna mais evidente com os estados entrando novamente em fases de alerta devido ao aumento de casos relacionados à covid-19.

Segundo a vice-presidente do Corecon-CE, Silvana Parente, é importante levantar discussões sobre o assunto neste momento em que o governo federal desenha o novo formato para o auxílio emergencial.

A economista aponta que, além dos beneficiados do Bolsa Família, o auxílio emergencial foi fundamental para o sustendo de 1,6 milhões de famílias que estavam inseridas no Cadastro Único e 1,2 milhão de pobres que não eram vistos pelo governo federal. “O fim do auxílio mostra como desestruturou o sustento dessas famílias”, destaca Silvana Parente.

“A gente tem 920 mil pessoas que vivem por conta própria, que são os informais, sem carteira assinada, 500 mil desempregados cearenses, 460 mil desalentados (pessoas que desistiram de procurar emprego) e 370 mil subocupados. Se você olhar, é muita gente, uma parte muito grande que ficou sem renda. O impacto é que alguns ficaram sem sustento total ou tiveram parte de sua renda afetada”, esclarece a vice-presidente do Corecon-CE.

Impacto
Para João Mário, o auxílio emergencial gerou um impacto muito importante na economia cearense. Ele analisa que o benefício somou com a renda dos beneficiários do Bolsa Família. “A distribuição do auxílio pegou todo público do Bolsa Família, que recebiam um valor médio em torno de R$ 190, que com o auxílio passou para R$ 723,00, um aumento muito significativo para a economia”, disse durante a live.

O diretor do Ipece, falou ainda sobre a preocupação com o grupo de trabalhadores informais. De acordo com João Mário, o mercado cearense é altamente informal, assim como composto de microempreendedores individuais, e foram os que mais sofreram quando as atividades econômicas não essenciais precisaram fechar as portas para contenção da circulação do vírus.

“A questão da informalidade é bem preocupante, quando se tem uma recessão da economia, o mercado da informalidade é o primeiro a ser atingido e dado a baixa qualificação profissional, a recuperação é a mais demorada”, afirmou.

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