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Os filhos acrescentam outros significados à essa existência

Era véspera de um feriado prolongado e Dora estava saindo de casa para uma reunião importante quando recebeu a ligação que lhe anunciou ao coração o tempo escolhido e preparado por Deus para se tornar mãe. “Foi súbita a forma como Isabel, nossa primeira filha, chegou em nossas vidas: minha e de Gilberto. Eu disse sim, imediatamente, através de uma simples ligação; pois, em algum lugar na minha alma, eu já gerava a certeza de que teria as minhas filhas: primeiramente Isabel e depois, Doralice. Só estava faltando o momento certo delas virem à luz””, declara Dora.

Durante algum período, Dora Andrade e Gilberto Holanda planejaram ter filhos biológicos, mas a adoção das meninas Isabel e Doralice confirmou-se predestinada por Deus em tempos distintos. O casal, mesmo sem apresentar dificuldades para a gravidez natural e espontânea de Dora, decidiu deixar-se envolver por esta outra forma de paternidade responsável e não menos amorosa.

Seus pais já estavam escolhidos por Deus
Gilberto compartilha que antes de haverem recebido a ligação para adotarem Isabel, Dora teve a oportunidade de conhecer mais sobre a adoção de crianças quando se dirigiu ao antigo S.O.S Criança, atualmente desativado, para fazer uma denúncia a favor de uma criança que estudava na Edisca – trabalho extraordinário e reconhecido nacional e internacionalmente na arte da construção do ser humano, principalmente adolescentes, através do aperfeiçoamento dos seus dons e talentos artísticos. Naquele dia, havia uma criança recém-nascida que seria levada ao Abrigo Tia Júlia. Dora sensibilizou-se pela situação de abandono da criança e foi visitá-la algumas vezes no Abrigo, mas logo a criança foi adotada por outra pessoa; seus pais já estavam escolhidos por Deus, acreditam Dora e Gilberto. A mãe, a tia de Dora, e Gilberto estavam presentes e apoiaram Dora nesse momento. “Eu vi aquela criança e pensei que poderia ser minha filha, mas hoje tenho certeza que as minhas crianças estavam predestinadas e no tempo certo viriam para mim. Isabel e Doralice são tão parecidas conosco. Penso até que se fossem biológicas, não pareceriam tanto!”.

A DECISÃO PELA MATERNIDADE
Dora conta que seus pais tiveram cinco filhos, e que ela inicialmente, sonhava em superá-los ou ter no mínimo cinco filhos também. A decisão pela maternidade veio um pouco tarde, lamenta. “Sempre acreditei que era importante para Isabel ter uma irmã com quem compartilhasse as descobertas, os sonhos e os planos em família. Nossas filhas aprendem conosco sobre os valores imprescindíveis á família, à amizade e respeito ao ser humano e à natureza”, pontua Dora.

“Dodozinha, vem pra mamãe, vem! Essa é a nossa filha mais nova: Doralice”. Assim, Dora chama carinhosamente Doralice para seus braços, na companhia de Isabel e Gilberto enquanto compartilham em família sobre a adoção da filha mais nova. “A adoção não é uma decisão somente entre duas pessoas. A minha família e a do Gilberto participaram do desenrolar desse importante momento e vivenciam experiências preciosas com nossas crianças.”.
Gilberto declara: Educamos nossas filhas no dia-a-dia, conduzindo-as pelo caminho da verdade e do respeito ao outro. Ensinamos a prática do amor como algo que sempre dá certo. Os filhos acrescentam outros significados à essa existência. Estou sempre presente na educação de minhas meninas, tenho, contudo, a convicção de que elas me adotaram primeiro.

SER MÃE É CELEBRAR O NATAL DIRIAMENTE
Dora acredita que o Natal está muito ligado à celebração da vida e ao reconhecimento da importância de Jesus Cristo entre nós. “Ser mãe é celebrar o Natal diariamente. Minhas filhas fazem eu me sentir uma mulher realizada. Transparente e muito forte é o amor que Isabel e Doralice têm por mim. Na verdade, todos os filhos biológicos e do coração precisam ser adotados e amados”.

Dora e Gilberto acreditam que os filhos adotivos devem crescer sabendo sobre a adoção, isto é, nos primeiro momentos de discernimento da criança, os pais devem contar a verdade. “Quando os filhos descobrem já adultos sobre a adoção, podem sentir-se enganados por seus pais. É importante que eles saibam a verdade desde cedo. A criança cresce absolutamente segura de si mesma. Certa vez, a Isabel brincado com dois irmãos: um menino e uma menina, ouviu o garotinho dizer a irmã que ela era adotada. Imediatamente, Isabel disse-lhe que também era adotada e falou da adoção como algo normal e feliz na sua vida”, declara Gilberto.

BORDEI UM LIVRO COM A SUA HISTÓRIA
Dora escolheu a música e os livros infantis de borracha, texturas e cores criados por ela própria para contar sobre a adoção de Isabel. “Eu cantava todas as qualidades dela, o que ela representa para mim e bordei um livro com a sua história. Isabel com seis meses já gostava de livros. Minha filha é fascinada por leituras. Hoje, adolescente, ela lê um livro em um dia”, pontua Dora. Isabel chegou aos seus pais do coração com dois dias de vida.

Foi surpresa para toda família a adoção de Isabel. Dora não tinha nada em casa para criança, além de ser véspera de feriado. Hoje, adolescente, Isabel aprecia sua mãe contar que sua primeira noite em casa foi de muito trabalho, pois ela fez xixi quase a noite toda e na manhã seguinte quase toda a roupa de cama da casa e os camisões de Dora estavam para lavar! Que graça!
Com a Doralice, Dora decidiu contar do mesmo jeito sobre a adoção, apresentando através da musica e da pintura todas as qualidades que ela percebe nela.

A ADOÇÃO NÃO É UM ACASO
Gilano Andrade, irmão de Dora, compartilha que antes da adoção das meninas, se quer imaginava a dimensão do que verdadeiramente significava adoção. “A adoção não é um acaso. É algo bem dirigido por forças superiores. Há uma plástica dos corpos que vão ficando cada vez mais parecidos com a convivência. O amor por um filho adotivo parece-me mais forte do que por um filho biológico. Isabel e Doralice são muito cuidadosas e amorosas conosco. Acreditamos que elas já pertenciam a nossa família desde que chegaram à essa vida”, declara Gilano.

SABEDORIA DE MÃE E PAI
Há 15 anos, Gilberto e Dora Andrade compartilham o amor, a cumplicidade e a sabedoria de mãe e pai na educação de suas filhas do coração Isabel Holanda de Andrade e Doralice com 11 anos e 3 anos de idade, respectivamente.

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