Quando a arte não nos deixa esquecer as dores e o peso da Ditadura Civil-Militar de (1964-1985), é hora de retomar essa memória e transformá-la em poesia.
Essa é a proposta do Coletivo de Arte-Ativismo, Aparecidos Políticos. Durante a semana em que se lembra os 49 anos do Golpe Militar, Fortaleza receberá o Grupo Argentino, Arte Callejero, em intercâmbio até o dia 6 de abril, na capital.
Na programação estão previstas uma série de atividades, entre elas uma Intervenção hoje no Mausoléu que constará na inserção, na fonte de água, de barcos de velas com as imagens dos desaparecidos políticos (O horário será avisada previamente para a imprensa). O projeto foi contemplado pelo prêmio do IV Edital de Concurso Público Leonilson de Artes Visuais (Categoria Pesquisa e Produção) da Secretaria Municipal de Cultura (Secultfor).
Na programação hoje, às 14h, acontece atividade de recepção de calouros no CH2 História – UFC e às 19h, mesa “As experiências da ditadura militar na Argentina e no Brasil” na UECE-Itaperi. Já no dia 3, acontecerá às 17h, na UECE/Itaperi, a Mesa “A Comissão Nacional da Verdade: limites e perspectivas” e às 19h – Cine-debate também na UECE-Itaperi. No dia 04 de abril, haverá, às 13h30 na videoteca da Unifor, o Cineclube e às 17, uma oficina de escracho e Intervenção Urbana na UECE-Itaperi.
O objetivo das atividades é chamar atenção da cidade para os crimes ocorridos durante a Ditadura Militar, debater sobre os espaços de memória em Fortaleza, cobrar ações do poder público de suporte às vítimas e mais transparência e efetividade da Comissão da Verdade. O mais interessante será a troca de experiências e relatos entre Brasil e Argentina. O intercâmbio de arte entre o Coletivo Aparecidos Políticos e o Grupo de Arte Callejero (GAC) tem como objetivo realizar uma mini residência junto ao Grupo de Arte Callejero, apresentar o trabalho do GAC em Fortaleza e, posteriormente proporcionar ao Coletivo Aparecidos Políticos um troca, em Buenos Aires, para que os artistas cearenses possam conhecer o mapa da Ditadura na Argentina e os trabalhos desenvolvidos.
Mas por que lembrar a ditadura? Para o Coletivo Aparecidos Políticos, é fazer com a que a sociedade comemore (lembre junto) esse período e faça, assim, uma reflexão desse passado sobre o que ainda permanece na atualidade, quais seriam as rupturas e permanências. Mesmo depois de mais de vinte anos do maior período de regime militar na história do Brasil – a Ditadura Civil-Militar (1964-1985) – vivemos ainda os restos do que foi esse penoso momento de cerceamento de direitos, torturas, assassinatos, desaparecimentos e ausências de liberdades – inclusive para os artistas.
Num momento em que a Comissão da Verdade começa a apresentar alguns resultados, abrir alguns desses ‘porões’ da Ditadura, faz-se necessário trazer à tona qual o acesso que temos hoje à justiça. Para o Coletivo, os restos da Ditadura ainda prevalecem na sociedade brasileira, principalmente pelo fato de não termos garantido os mecanismos de transição dos períodos. Implementar os mecanismos de justiça de transição na experiência brasileira – direito à verdade, direito à justiça, direito à reparação e reformas institucionais – é urgente para a conquista e fortalecimentos dos Direitos Humanos.