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Fortaleza

Adoção Positiva

A adoção é um tema que suscita as mais profundas paixões humanas, sobretudo daqueles que dela se aproximam para conhecê-la na sua existência factual, na vivência das famílias adotivas, no drama das crianças institucionalizadas, na luta por um processo administrativo-judicial que proveja os direitos da criança ao tempo e à hora de sua efetiva necessidade.
É um assunto que não raramente embarga às vozes dos oradores, inunda os olhos dos ouvintes, dá o nó na garganta de quem muitas vezes não havia parado para pensar nas implicações emocionais que esta ocorrência traz consigo. É muito difícil se permanecer indiferente às histórias de vida que se entrelaçam no processo adotivo, às mudanças que ocorrem na visão de mundo que quem vive a adoção e aos relatos dos encontros e desencontros do estabelecimento de uma relação de parentalidade afetiva, com seus desafios e conquistas.
Neste caldo de afetos, dúvidas, prazeres, dores, medos, superações, preconceitos, aprendizado, entre outros ingredientes misturados e fervidos ao lume alto, estamos todos nós que de alguma forma nos relacionamos com o tema. Pais adotivos, pretendentes à adoção, simpatizantes, psicólogos, assistentes sociais, operadores do direito, integrantes de grupos de apoio à adoção, dirigentes e trabalhadores das instituições de acolhimento de crianças e adolescentes, integrantes dos programas de acolhimento familiar e de apadrinhamento afetivo, toda essa gente experimenta esse caldo, cada um percebe o gosto mais puxado para o condimento que lhe cala mais fundo, que mais se compatibiliza com sua história.
A existência de todas essas influências em torno da adoção acaba por determinar uma certa complexidade para quem quer aproximar-se do tema, já que muitas vezes o primeiro contato do recém-chegado é pela via de algum dos problemas eventualmente existentes ou através de uma ocorrência negativa. Há na sociedade uma grande lacuna de compreensão da adoção como forma de estabelecimento da paternidade/maternidade, o que favorece o reforço de preconceitos e mitos que desestimulam interessados e prejudicam às famílias adotivas por semearem dentro das relações afetivas o sentimento de inferioridade deste tipo de vínculo.
É oportuna, destarte, a ocasião de se apontar para a impropriedade das conclusões negativas relativas ao amor adotivo e suas manifestações concretas. Imperioso demonstrar o que há de bom na adoção, no âmbito da afetividade, para se demonstrar que os benefícios desta relação superam em muito suas dores, seus medos e seus riscos. É inegável que todos esses percalços estão presentes nas relações humanas e que não há ser vivo imune à dor e ao sofrimento. Aceitar e conhecer essas possibilidades é salutar. Todavia, se faz mister fazer a sociedade saber as delícias, os prazeres e as alegrias de todo o percurso adotivo, devolvendo a justiça ao discurso social sobre a adoção. Ela não só pode corresponder à satisfação completa de um projeto de paternidade, como também superar todas as expectativas e acabar transformando profundamente a vida dos envolvidos na relação. E para melhor.

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