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Fortaleza

Aventura no gelo eterno

 

Bóris Kolesnikov, menino asiático, vivia com o pai, a mãe e três irmãs menores no sul da Sibéria, fronteira com a Mongólia e a China. Em 1946, morre o pai e ele decide fazer a grande aventura. Põe um saco às costas, ganha mundo, pega o rio Angara, depois o Enissei, e vem para o Polo Norte, que se estende da fronteira da Finlândia até o estreito de Bhering, localizado no Alasca), onde mora, todo vestido de branco, o gelo eterno.

Hoje, Boris Kolesnikov é diretor geral do complexo industrial de Norilsk, o mais importante de todo o polo Norte mundial: é um combinado metalúrgico-mineral na península de Taimyr. Ele é testemunha e parte de uma das mais fantásticas histórias da aventura humana.

Norilsk, cidade transpolar, localizada no polo Ártico, acima do paralelo 69. Acreditava-se que era impossível a quem viesse de fora suportar viver onde há insuficiência de vitaminas e de raios ultravioleta e onde se sentiria oprimido pelas longas noites polares e os dias curtos, muito curtos, ou às vezes nenhum, pois durante 47 dias, cada ano, não há dia, é a noite eterna.
É impossível sair passeando, porque o vento furioso das tempestades de neve, capaz de derrubar gente grande, sopra sem parar cortando fino como navalha de bandido.
Nos nove meses do inverno, mais de 100 milhões de metros cúbicos de neve caem sobre a cidade, durante 280 dias, cada ano, os ventos árticos sopram a 30 metros por segundo e o frio é de 55 graus abaixo de zero, chegando às vezes a 71.

Construída sobre o gelo e a neve, sobre a merzlota, em cima de pilotis de cimento armado, com edifícios altos, Norilsk derrotou a neve e o gelo. Tem tudo que em uma cidade normal, biblioteca de três milhões de volumes e uma vida e uma atividade de trabalho como qualquer outra. Com o sul, ela está ligada através do rio Enissei, navegável. Com o extremo norte, através de uma ferrovia eletrificada de 120 quilômetros, que vai até o porto de Doudinka, o maior do Polo Norte, portão de saída da Sibéria para os caminhos do Oceano Ártico.

Toda esta enorme e caríssima infraestrutura foi montada por causa das riquezas da península de Taimyr: petróleo, gás, os diamantes de Yakoutie, as apatitas de Khibiny, ouro, minérios, 14 metais não ferrosos, fora a caça e a pesca, a criação de hienas.
O complexo industrial está implantado sobre a central hidrelétrica de Oust-Khantai, um gasoduto de 263 quilômetros e imensas usinas metalúrgicas, com suas torres metálicas espetando o branco infinito, como brinquedos de Deus.

Institutos científicos, grupos de pesquisas de todo o país, laboratórios e técnicos das mais variadas especialidades estudam, planejam e acompanham, permanentemente, a realização de cada nova experiência em Norilsk, uma cidade pioneira, uma cidade de aventura.

Também cientistas de vários outros países do Polo Norte (Estados Unidos, Canadá, Groelândia, Islândia, Noruega, Suécia e Finlândia) seguem, desde o começo, “a lição, o exemplo, o modelo de Norilsk para a conquista das regiões de difícil acesso do globo”.
E Trudeau, então primeiro ministro do Canadá, único chefe de Governo estrangeiro a visitar Norilsk, olhando a tempestade de neve soprando novelos brancos, suspirou: Isto é uma lição, um exemplo. Mas sobretudo um milagre.

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