Não dá mais. Temos que ter uma solução
Moreira Franco, ex-ministro de Dilma, muito ligado ao vice-presidente Michel Temer
T ão logo o presidente da Câmara detonou o processo de impeachment, os parlamentares passaram a fazer o que mais gostam: articulação política. Mas as rodas de conchavo no Congresso, curiosamente, não fazem cálculos sobre as chances de Dilma, mas sobre as chances de o vice Michel Temer assumir a Presidência. Em conversa reservada, o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do governista PP, disse tudo: “Impeachment não é para tirar presidente, é para botar presidente…”
Dilma e Cunha fora
O PMDB está cada vez mais imbuído de uma “missão salvadora” do País, com Michel Temer e sem Dilma Rousseff e Eduardo Cunha.
Governo de coalizão
Políticos da cúpula do PMDB estão certos de que um governo de coalizão nacional, com Michel Temer à frente, tiraria o País do atoleiro.
Pronto para assumir
O PMDB irá “assumir suas responsabilidades”, diz um ex-ministro de Dilma próximo a Michel Temer, defensor declarado do impeachment.
PMDB dependente
A manutenção do mandato de Dilma depende novamente do PMDB. E percebe-se no partido uma vontade louca de traí-la.
Ainda é cedo
Cálculos serão prematuros: vão determi
nar a sorte de Dilma o seu desgaste ou sua recuperação, e principalmente o conchavo do PMDB.
Formou o bonde
A oposição avalia que devem votar contra o Governo: PSB (25), PSD (14), PTB (11), PP (15) e até deputados petistas (4) e um do PCdoB.
No prejuízo
O Planalto avalia que, por ora, PT, PCdoB, PSOL, Rede, PMDB, PSB, PDT e PSD rendam 124 votos favoráveis. Vai correr atrás do prejuízo.
Já vai tarde
Na reunião com Dilma sobre o impeachment, ao menos três ministros, alvos constantes do bullying da chefe, “gargalhavam por dentro”. Dois deles estão de saída do Governo. Contam até os minutos que faltam.
Escafederam
Quem faz a cobertura jornalística da Presidente se impressiona com as salas e corredores vazios do Planalto. Até parece que os 4.567 funcionários já esvaziaram as gavetas e foram embora.
Briga de rua
Jaques Wagner (Casa Civil) transformou em briga de rua a discussão sobre o impeachment. Em resposta a Eduardo Cunha, que acusou Dilma de mentir, ele foi logo devolvendo que “mentiroso é ele”.
É grave a denúncia
Jaques Wagner nem se acanha de dizer que “pela primeira vez” abre-se o processo de impeachment “para só depois procurar os motivos”. Não deve ter lido a contundente denúncia dos juristas contra Dilma.
Que golpe?
O Governo insiste na lorota de que impeachment é “golpe”. Para o jurista Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT e um dos autores da denúncia contra Dilma, “impeachment é remédio constitucional”.
Pressão das ruas
Repórteres da Globonews têm sido abordados no Congresso e até nas ruas porque a emissora só estaria abrindo espaço a governistas, nunca aos defensores o impeachment – a maioria da população.
Roinc, roinc
O ministro Joaquim Levy (Fazenda) entrou no gabinete da liderança do PP na Câmara e deu de cara com um leitão. O bicho, assado, era parte da celebração do aniversário do deputado Ricardo Barros (PP-PR).
Uso indevido
Um computador da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foi utilizado para modificar o perfil na Wikipédia do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O conteúdo, aliás, bem virulento, já foi apagado.
Performance
Foi digna de aplausos a performance teatral do 1o secretário da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), ao final da leitura do impeachment.
o poder sem pudor
O então ministro do Planejamento, Guilherme Dias, surpreendia assessores pela paciência e simplicidade no relacionamento com o cidadão comum. Certa vez recebeu carta desaforada de um servidor, simpatizante do PT, e não só a respondeu, espantando o missivista, como resolveu o problema relatado. Em outra carta, dessa vez amável, o servidor federal agradeceu as providências e avisou:
– Vou pedir ao Lula para manter o senhor no ministério.
Assim o ministro ganhou o seu primeiro “pistolão” no PT.