25.1 C
Fortaleza

Em primeiríssimo lugar, obrigado!

Quero agradecer a Deus as dádivas derramadas em minha vida. Quero começar pelas pessoas que Ele me confiou, vindo às vezes pela via tradicional, outras vezes através de atalhos instigantes. Cinco pessoas para eu cuidar. Recebi como prêmio a pluralidade, a possibilidade de amar cada um do seu jeito. Descobri um segredo extraordinário: quando se ama muita gente não se divide o amor disponível, do sujeito que ama, pelos que são amados. Se assim fora, amaríamos com menos intensidade ao amarmos mais pessoas. Mas ao amarmos mais pessoas o amor se multiplica, porque quando me concentro no cuidado com cada um destes seres amados me aprofundo em suas peculiaridades deliciosas, de manifestação inédita de Deus. Amo a cada um com todo o amor do mundo. Meu cuidado cria todo amor do mundo.
É preciso com urgência agradecer pela aparição dessa gente, cada um com sua personalidade, com seu jeito, no meu caminho. Eles agregam qualidades extraordinárias ao meu cotidiano. É verdade que de vez em quando fazem coisas das quais eu não gosto, mas isso também me ajuda a desenvolver a paciência e a serenidade, qualidades pelas quais tenho que lutar muito para possuir. Vou lutando. Não posso moldar as pessoas ao meu alvedrio, nem me arrogar em acionista majoritário da verdade… Vou lutando.
O importante é que cada um desses filhos me traz um conhecimento originário peculiar, uma contribuição afetiva que se completa como um quebra-cabeça em minha alma. Necessito fazer esse agradecimento de público e agora, a cada um desses seres-muito-amados-da-minha-vida. Explico o porquê:
João Renato, primogênito, é o meu mestre de harmonia. No samba-enredo da minha vida, ele trouxe sempre um equilíbrio sereno e carinhoso que é tão necessário para mim. Ele tem a marca da paz e está disposto a lutar por ela, do seu modo e no seu tempo. Sua maturidade espiritual apascenta o ambiente. É o menino-da-paz.
Ana Laura, minha primeira princesa africana, sacudiu meu mundinho e mudou o curso do rio. Foi como o terremoto de Lisboa, de 1755, que empurrou o poderoso tejo para o lado, para sempre. Ela me traz o poder da piedade, da consideração com o outro. Está sempre incluindo o outro e se solidarizando com quem precisa de ajuda. É a menina-inclusão-amorosa.
Pedro Gabriel, que tem nome de anjo, me brinda com a sede de justiça e me faz recordar todos os dias que tenho algumas missões inarredáveis. A este menino lhe desagrada o que está errado, o que não é justo. Mas ele faz isso sem perder o gosto pelo riso, pela piada. É possível ser justo e divertido, no mundo que ele criou para mim. É o menino-justiça.
Maria Rafaela, me traz o sonho e a diversão. Na minha Roma ela é o circo: sua desenvoltura para o otimismo e para a glamorização da existência humana é contagiante. Ela é simplesmente contagiante, para frente, alto-astral. É meu antídoto contra a tristeza, cura imediata para as divagações enfadonhas. É a menina-sucesso. E, no fim das contas, Maria Fernanda, a outra princesa mulata. Ela me remoçou uma década, pelo menos. Aos pulinhos, me empresta a sua alegria intensa de viver. Me dispensa um afeto enorme em cada gesto, em meio às nossas correrias e piques. Ela é a superação do que deve ser superado, o atropelo do passado menos feliz. Nada resta do que não presta. Só a celebração da vida. É a menina-alegria.
Em resumo, olhando apenas para esta gentinha minha, colocada no meu colo, sob meus cuidados, ganhei harmonia, equilíbrio, piedade, consideração com o outro, senso de justiça, gosto pela piada, sonho, otimismo, superação e alegria. Qual presente que poderia pedir quando faço aniversário? Que tudo isso continue assim, com a graça de Deus.
Todo o sentido que há nestas palavras, na verdade, só há porque posso compartilhar tudo o que recebo com uma pessoa essencial que é Maria Bárbara, minha companheira de duas décadas e lá vai fumaça. Mulher-essência, que não vive pela metade. Mulher-bota-pra-quebrar. Vive mais do que por inteiro, a todo vapor, como combinamos no princípio: mudando o mundo como sonhávamos aos dezoito anos. Olho para traz agora e, bastante emocionado, derramo uma lágrima de gratidão por sua vida, por estar aqui comigo e por ser como é. Todo o sentido que há em viver passa por amar e ser amado. Profundamente amante e amado. Assim é gostoso caminhar. Muito obrigado.

 

Mais Lidas

Férias

As colônias de férias espalhadas pela cidade tem sido muito procuradas pelas crianças neste mês de julho. São espaços onde o contacto com a...

Entenda 2º projeto aprovado da reforma tributária

A proposta aprovada pelos deputados trata das regras do Comitê Gestor do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) de estados e municípios, que será...

Delfim Netto e o ‘Milagre Econômico’

Antônio Delfim Netto, economista catedrático e político brasileiro faleceu nesta segunda-feira (12) aos 96 anos. Foi ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento,...
spot_img