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Indústria aos 60 anos

Poucos atentaram, pelo fato de o Salão do Automóvel de São Paulo ter drenado muito da atenção de todos. Mas no penúltimo dia da exposição, em 19 de novembro, completaram-se seis décadas do primeiro carro fabricado no Brasil, sob as regras de nacionalização (por peso) anunciadas em 16 de junho de 1956. Era uma DKW F91 Universal, station de origem alemã, duas portas, ainda com índice quase simbólico de componentes produzidos em São Paulo pela Vemag, empresa de capital nacional. Batizada depois de DKW Vemaguet, apenas 156 unidades puderam ser montadas até o final daquele ano.
Sempre existirá a polêmica sobre se o Romi-Isetta foi o primeiro automóvel de produção brasileira. Modelo revolucionário para a época, com apenas uma porta e sem espaço para bagagem, transportava só dois passageiros e essa limitação (não o número de portas) o deixou de fora dos incentivos do Governo Federal. A indústria foi pautada pelo decreto de 26 de fevereiro de 1957, mais completo e específico, exigindo mínimo de quatro passageiros (incluído o motorista). Havia total lógica nessa exigência. O microcarro não convencional, de fato, saiu na frente, em 5 de setembro de 1956. Sua relevância histórica, porém, foi relativa.
O crescimento da indústria automobilística foi lento, pois dependia do poder aquisitivo dos compradores e das condições econômicas do País, entre elas a dificuldade com o processo inflacionário e a opção governamental de taxar os automóveis em nível inexistente no mundo. Apenas em 1978 conseguiu romper a barreira de um milhão de veículos produzidos por ano.
Como costuma ocorrer, houve ciclos bons e ruins do mercado. A década de 1990, porém, foi marcada por uma segunda fase de expansão, pois até então o mercado de veículos era dividido pelas três marcas pioneiras – Ford, Chevrolet e Volkswagen –, além da Fiat, estabelecida em 1976.
Por problemas gerados pela crise do petróleo, de 1973, e falta de divisas, o governo lançou o Proálcool em 1975 e no ano seguinte suspendeu a importação de qualquer veículo. Somente em 1990 automóveis importados voltaram ao País. Existe a tendência de apontar esse marco com mais importância do que realmente teve.
Outras três decisões, somadas, alcançaram peso bem maior: fim da superprotecionista lei de informática e do controle de preços, além do programa do carro popular de 1993 e das câmaras setoriais que destravaram o mercado interno. Um programa de atração de novos investimentos na Argentina levou o Brasil a criar também incentivos. Chegaram Renault, Honda, Toyota, Mercedes-Benz e Peugeot-Citroën.
O país precisou de 26 anos para ultrapassar a barreira de dois milhões de veículos produzidos anualmente, em 2004, sem contabilizar unidades desmontadas para exportação. Apenas quatro anos depois, já passávamos dos três milhões. Havia sinalização de que este ano deixariam as linhas de montagem mais de quatro milhões, mas com sorte vamos retornar ao patamar de 2004.
A crise atual é a terceira de alta gravidade pela qual passa a agora sexagenária indústria automobilística. Ao longo desse período marcas saíram e voltaram, produzindo ou importando, e as nacionais não sobreviveram. O potencial de crescimento, no entanto, continua intacto. Com a quinta maior população mundial, voltaremos em ano ainda incerto a ser o quarto mercado mundial e, quem sabe, quinto ou sexto produtor.

Salão do Automóvel de São Paulo, encerrado no último dia 20, não chegou a bater recorde de público. Apesar de instalações bem superiores ao anterior Parque Anhembi, atraiu 715.477 visitantes (ante os cerca de 750.000 da edição anterior). Possível reflexo da situação econômica, mas foi o salão mais conectado do mundo com 759 mil fãs no Facebook.

Novo motor Firefly de três cilindros/1 litro/77 cv (etanol) estreia agora no Mobi. A Fiat o colocou no meio da gama de seu subcompacto com preços entre R$ 39.870 e R$ 49.020. Também estreou o aplicativo que transforma o smartfone em central multimídia, porém caro demais. Motor se destaca antes de tudo pela suavidade. Baixo peso do modelo também ajuda quanto ao desempenho, especialmente sendo utilizado em áreas urbanas.
Hondda atendeu a apelos e oferece câmbio manual no novo Civic Sport. Motor de 2 litros e câmbio de seis marchas traz saudades (engates e curso de alavanca ótimos), mas nível de vendas será muito baixo. No outro extremo, o Touring com o turbo de 1,5 litro (só gasolina) tem desempenho melhor, mas só na posição “S” do câmbio CVT anima mais o motorista.

Picape Amarok 2017 recebeu interior novo (inclui sistema de infotenimento mais moderno), além de mudanças na grade e para-choque dianteiro. Todas as versões receberam sistema de frenagem automática pós-colisão que deveria ser recurso universal de segurança. Motor V-6 diesel ficou para 2017. Preços: de R$ 113.990 (cabine simples) a R$ 177.990 (cabine dupla).

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