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Fortaleza

Labirinto

Há um justificado desespero no semblante de algumas pessoas que encontramos pelos caminhos do mundo. Parecem atormentadas por forças invisíveis, que as impelem a uma vida confusa, muitas vezes belicosa, saboreando a amarga sensação de que o tempo passa e os sonhos não acontecem.

Muitas pessoas vivem assim. A angústia subindo pelo peito, durante o desenrolar complicado dos acontecimentos, sufoca os velhos desejos de paz, amor e prosperidade. Soa-lhes como piada a ideia que podemos escolher viver de forma mais tranquila e feliz, pois foram induzidos a erros: acreditam que nossos pensamentos sejam absolutamente autônomos e que nada podemos fazer para controlá-los.

Pois bem. Se essa premissa fosse verdadeira, de que não podemos controlar o que pensamos, seríamos vítimas impotentes de qualquer pensamento surgido em nossa mente. Conheço pessoas que têm suas vidas completamente atrapalhadas por pensamentos destrutivos, que semeiam a insegurança na alma, criando um ambiente pesado. Arrastam uma cangalha pesada por onde vão, arrastando um fardo imaginário, com tantos problemas sobre os quais pensam incessantemente. É difícil ser simpático ou amável quando nossa mente está assoberbada por idas e vindas imaginárias, construindo e destruindo cenários futuros em que lidamos com situações desagradáveis ou lembrando continuamente de ocorrências passadas.
São criaturas que se comportam como caça predileta dos pensamentos perturbadores. São perseguidas dia e noite, com direito a insônia insolúvel, por idéias funestas e por questões passadas. São reféns do passado e do futuro. Esquecem-se que a vida é o agora. Do presente só guardam a expectativa e a aflição de pensar e repensar as mesmas bobagens, ruminando ressentimentos e perpetuando o sentimento de insegurança.
É curioso notar que quanto mais alguém se concentra em um problema, este aumenta vertiginosamente. Quanto maior a preocupação, maior a agonia, maior o problema. Acredito que a indecisão seja uma forma de suicídio a longo ou a médio prazo. Uma pessoa que não controla seus pensamentos está sujeita a conviver com horas e horas de dissabor entre o fluxo e o refluxo de seus devaneios desnecessários, e vai morrendo em vida, deixando de usufruir a dádiva que é o presente.
Mas há cura. Essa é a grande notícia do dia: controlar o pensamento é uma habilidade que pode ser desenvolvida, com um pouquinho de esforço. Mas, primeiro é necessário se reconhecer o descontrole, ter consciência de que se é dominado pelos pensamentos sombrios e que essa situação deve ser transformada. A partir deste passo, o autocontrole pode ser conquistado com várias técnicas à disposição: meditação e oração podem ser bons exemplos encontrados na literatura especializada.
Um dos métodos mais eficazes de vencer um pensamento inoportuno é de uma simplicidade infantil. Ao invés de enfrentar o pensamento desagradável e chafurdar em seu pernicioso lamaçal emocional, devemos simplesmente substituí-lo por outro, que nos seja mais agradável. Assim, se lembro da minha acirrada discussão com um parente ou colega de trabalho, tenho duas opções. A primeira é o enfrentamento: lembrar os detalhes dolorosos e imaginar novas respostas não dadas oportunamente, mas que seriam mais pertinentes, criar vinganças imaginárias futuras ou me culpar pelas besteiras já ditas. A segunda é a substituição do pensamento incômodo: ao invés de me concentrar nele, deixo-o ir embora e penso em algo positivo, renovador e seguro. Pode-se pensar num grande amor, pode-se imaginar um dia de sol na praia mais deslumbrante, enfim, posso ser dono da minha imaginação e ser feliz. Qual será sua opção, estimado leitor?

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