Dilma é uma mulher honesta,
correta, uma Virgem Maria
Deputado Paulo Maluf (PP-SP), que votou
pelo impeachment de “sua santidade”
S e a oposição não quer ouvir falar no ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, presidindo a sessão de julgamento da presidente Dilma Rousseff, terá de torcer para que esse “ato final” do impeachment ocorra apenas a partir de 14 de setembro, data da posse da futura presidente do STF, ministra Cármen Lúcia. O mandato de Lewandowski na presidência da corte expira no dia 10 de setembro.
Seis meses
O Senado terá 180 dias para julgar Dilma. Se ela for afastada em 4 de maio, como previsto, o julgamento terá de ser feito até 4 de novembro.
Bola com
o Senado
Aprovado na Câmara, o impeachment será instaurado após o referendo do Senado, por maioria simples, o que deve ocorrer no dia 4.
Precedente
Em 1992, Fernando Collor foi julgado após 90 dias. Nesse prazo, Dilma seria julgada em 2 de agosto. Com Lewandowski presidindo a sessão.
Aposentadoria
Como esta coluna antecipou em fevereiro e Elio Gaspari escreveu ontem, Lewandowski pode se aposentar ao final da sua presidência.
Constitucionalista
Além da experiência profissional como advogado e procurador, Temer deu aulas de Direito Constitucional e escreveu livros sobre o assunto.
Compromisso
A condição de jurista foi destacada pelo próprio Michel Temer, no Twitter, ao reafirmar seu compromisso com a Constituição
Preparado para a guerra
Eduardo Cunha previa o pior: mandou mais de 100 policiais legislativos ocuparem o Salão Negro. E tudo transcorreu na mais absoluta ordem.
Fora do baralho
Tendo afirmado dias atrás que se consideraria “carta fora do baralho”, caso fosse derrotada na Câmara nesse domingo, a oposição trabalha com a hipótese de renúncia da presidente Dilma Rousseff.
Questão de tempo
Dilma se acha fora do jogo, a partir de agora, porque sabe que (1) já há número de senadores dispostos a instaurar o processo e afastá-la do cargo. E (2) sua condenação no julgamento será incontornável.
Como quiser
O mensaleiro Valdemar Costa Neto, controlador do PR, não quis ouvir as razões do deputado Alfredo Nascimento (AM): “Ou vota contra o impeachment ou renuncie à presidência do partido”. Ele renunciou.
Voto tarja preta
O deputado Vinícius Gurgel (PR-AP), que se absteve de votar no impeachment, foi aquele que admitiu fazer uso de remédios controlados para explicar assinaturas diferentes no Conselho de Ética.
Renan, o fiel
A prioridade de Michel Temer é restabelecer relação de camaradagem com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O senador até concorda em bater papo, mas se mantém fiel a Dilma.
Omissão tucana
Aécio Neves (PSDB-MG) não desaponta quem o espera em cima do muro. Ele avisou a aliados que os tucanos não pretendem pleitear a relatoria ou a presidência da comissão do impeachment no Senado.
Punição aos rebeldes
O PP poderá mesmo expulsar seus deputados que votaram contra o impeachment, apesar do fechamento de questão. O caso do vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (MA), é mais grave em razão das suspeitas de entendimentos para lá de suspeitos com o Governo.
Ana Amélia relatora
Ganhou força o nome da senadora Ana Amélia (PP-RS) para relatar a comissão do impeachment no Senado. Ela é respeitada pelos colegas, inclusive governistas. Mas, terá de combinar com o majoritário PMDB.
Cadê o Zé?
A presidente Dilma deve ter amanhecido o dia tentado falar com deputados como José Guimarães (PT-CE), que prometeu 200 votos contra o impeachment.
Como enganar o vice
Prestes a viajar ao exterior, o presidente Juscelino Kubitschek foi advertido pelo seu ministro da Casa Civil, Antonio Balbino: atos pendentes seriam assinados pelo vice, João Goulart. O mais importante era o preenchimento de uma ambicionada vaga de tabelião de notas no Rio de Janeiro. JK pediu uma lista telefônica de Curitiba, correu os dedos numa página qualquer e se fixou num nome repleto de consoantes. Acrescentou outras e ordenou:
– Faça o ato de nomeação desse sujeito aqui.
– Mas, presidente, ninguém vai encontrar essa pessoa para a posse…
JK sorriu, mineiramente:
– Exato. Quando eu voltar, revogarei o decreto e ganharei tempo para nomear outro.