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O urubu da Bolívia

O inesquecível senador Vitorino Freire, do Maranhão, foi à Bolívia chefiando a delegação do Senado que discutiria os Acordos de Roboré (petróleo). Ia ficar oito dias. Dois dias depois, voltou. Perguntaram: – Senador, já terminamos as negociações? – Não. Mas vou lá ficar num lugar que tem 4.800 metros de altura e onde urubu tem dispneia?
Os desastres são desígnios do infinito. É preciso recebê-los, aceitá-los e absorve-los. Mas o que aconteceu com a apilantrada empresa boliviana “La Mia” e seu fajuto táxi-aéreo, assassinando 71 brasileiros de Chapecó por estar voando sem combustível, é um crime que precisa ser apurado e denunciado. Hoje já se sabe que o avião voou avisado de que o combustível era insuficiente. Mesmo assim, apenas para faturar mais, o criminoso piloto preferiu arriscar sua vida e a de todos. Era um urubu.

A crise
Outros urubus. Sem rumo e sem credibilidade, o descontrole das contas públicas foi a estratégia dos governos Lula e Dilma. Ao abandonar o tripé de câmbio flutuante, superávit primário e meta de inflação, jogou a economia numa crise que levará anos para ser superada.
Três anos de recessão econômica foram o resultado da aventura populista, com o PIB encolhendo 9%, a renda per capita reduzida em mais de 10% e a taxa de desemprego atingindo 12 milhões de trabalhadores. As tarifas de energia elétrica e os combustíveis foram congelados, os Estados e municípios liberados de comprimento das metas fiscais e bancos federais forçados a se responsabilizarem por despesas do orçamento. As contas públicas passaram a ser maquiadas através da “Contabilidade Criativa”. Avançaram na administração da taxa de câmbio, sob o pretexto de dar garantia às exportações, pondo a economia de cabeça para baixo.
E mais: implantaram a chamada “Nova Matriz Econômica”, fazendo do ultrapassado nacional-desenvolvimentismo o carro chefe. E escolheram, algumas empresas que seriam as campeãs nacionais do desenvolvimento, financiadas pelo BNDES. Subsídios foram concedidos a esses grupos e em outros casos a renúncia fiscal, pela isenção de tributos, gerando a conhecida “Bolsa Empresário”. Um deles foi Eike Batista que tinha o X, como padrão de um tempo de desenvolvimento.

Orçamento
O orçamento teve a sua autonomia financeira e administrativa atropelada pela gastança sem limites. Acreditavam que tinham indulgência divina para gastar o que não tinham. O governo gastava 45% do PIB, inclusive com os juros da dívida pública e arrecadava 36%, que é o montante da carga tributária, levando a dívida pública a disparar em ritmo de crescimento assustador. A recessão econômica em que estamos mergulhados tem nessa sequência de desajustes irresponsáveis e privilégios a sua fonte geradora.
A ilha de fantasia em que o País se viu mergulhado na última década, ignorando o Brasil real, produziu a maior recessão econômica da vida republicana. O momento exige que o País da mentira populista se reencontre com o da verdade. Viveremos instantes dramáticos para recolocá-lo na reconstrução que o Brasil real exige.

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