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Renegociando

Sem condições de pagar as dívidas em dia, empresas e famílias estão recorrendo aos bancos em busca de renegociação de débitos, para não entrar na lista de maus pagadores. Segundo o Banco Central, somente as pessoas físicas já renegociaram R$ 27,4 bilhões até fevereiro, saldo sem precedentes. O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, avalia que ou os bancos oferecem melhores condições para os devedores, ou terão de lançar perdas em seus balanços. Essas operações diferenciadas de renegociação são conhecidas como reestruturações de crédito, e têm aumentado. Para empresas, subiram de 1,2% do total em 2014 para 1,4% em 2015. Para consumidores, o avanço foi de 2,1% para 2,4% no mesmo período. Se não fosse pelas reestruturações, a inadimplência média do sistema financeiro teria sido 0,7 ponto percentual maior do que os 3,4% registrados pelo BC no ano passado, fechando em 4,1%. Apesar das negociações para amenizar as perdas, os bancos não estão conseguindo segurar o aumento do calote. Em 12 meses, a inadimplência na carteira de crédito renegociado subiu 1,4%, ficando em 17,9% em fevereiro — a maior taxa desde dezembro de 2014. O pior, no entanto, ainda está por vir, avaliam analistas. Em anos anteriores, quando o PIB crescia, renegociar crédito era uma saída para os consumidores se livrarem de uma dívida cara. Agora, com o aprofundamento da recessão, a tendência é de que mais consumidores não consigam honrar os compromissos do empréstimo.

Consumidor
Para evitar a repetição de mais uma queda histórica das vendas, como em 2015, o varejo está lançando mão de toda sorte de estratégias para fisgar o consumidor. São ações que incluem prazos de até seis anos para financiamento, descontos progressivos para quem compra mais produtos e isenção do pagamento de uma das parcelas para quem paga em dia as prestações do carnê da loja.

A gigante
De patinho feio do Sistema Telebrás a uma das maiores dívidas corporativas do Brasil. Há 18 anos, quando ocorreu a privatização do setor de telecomunicações, a Oi, nascida da antiga Telerj e considerada uma das piores prestadoras de serviços de telefonia do País nos anos 1990, chega à maioridade deixando para trás o sonho de se tornar a “supertele” idealizada pelo Governo em meio a um endividamento bruto de R$ 54,9 bilhões.

De dívidas
E, para continuar crescendo, a empresa corre. Com rumores de que pretende concluir até o fim deste ano uma negociação privada ou extrajudicial com os credores. No pior cenário, se não tiver êxito, pode recorrer a uma recuperação judicial. O dia a dia das negociações vem sendo informado à Brasília.

Oi
Os prazos foram estipulados pela atual gestão, que adotou forte redução de custos e lançamento de planos para aumentar a receita. Como a redução de despesas tem limite, domar a dívida é hoje o principal desafio da tele. E as negociações prometem esquentar. No mercado, há quem garanta que junho é o mês crucial. Na mesa, muitos credores e três possibilidades, como a conversão da dívida em ações, em caixa ou em uma nova dívida. Do total, 70% dos credores são estrangeiros. O restante está nas mãos de bancos como BNDES, Banco do Nordeste, da Amazônia, Banco do Brasil, Caixa, Itaú, HSBC e, em menor grau, Santander e Bradesco.

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