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Fortaleza

Cesta básica na capital cearense sobe 9,22% este ano

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Em outubro de 2015, o conjunto dos 12 produtos que compõem a cesta básica de Fortaleza registrou inflação de 0,34%, comportamento inverso ao do mês de setembro, quando recuou 3,88%. Com a elevação mensal, de 0,34%, a inflação acumulada, de janeiro a outubro, atinge 9,22%, sendo o valor mensal, novamente, o mais alto da região Nordeste, exigindo do trabalhador, para adquirir os produtos – respeitadas as quantidades definidas para a composição da cesta – o desembolso de R$ 306,23. As informações são da Pesquisa Nacional da Cesta Básica (PNCB), divulgada, ontem, pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese-CE).
Conforme o documento, considerando o valor e, tomando como base o salário mínimo vigente no País (R$ 788,00) – correspondente a uma jornada mensal de trabalho de 220 horas –, o trabalhador teve que desprender 85 horas e 30 minutos de sua jornada de trabalho mensal para essa finalidade. O gasto com alimentação de uma família padrão foi de R$ 918,69.

Comportamento

A pesquisa mostra que a inflação no preço final do mês passado foi influenciada pela alta de cinco itens: açúcar (3,74%), carne (2,02%), arroz (1,89%), pão (1,55%) e café (1,29%). Ao mesmo tempo, no período, quatro itens apresentaram redução, com destaque para tomate (3,59%) e banana (3,03%), em maior proporção, seguidos de leite (1,02%) e manteiga (0,41%). Segundo o levantamento, a alimentação básica, em outubro, está mais cara do que igual mês de 2014 (R$ 277,60), embora esteja mais barata do que o preço registrado em abril deste ano (R$ 316,20).
Quanto às variações semestral e anual, a cesta básica de Fortaleza, o comportamento verificado foi de recuo de 3,15% e alta de 10,31%, respectivamente. No acumulado em 12 meses, terminados em outubro, a capital cearense aparece com a quarta maior inflação da região Nordeste – atrás, apenas, de Aracaju (15,13%), Salvador (11,21%) e João Pessoa (9,61%) –, sendo a 7ª maior do País.

Balanço

No semestre terminado em outubro, entre os produtos, os que sofreram maior elevação nos preços, estão: carne (11,42%), açúcar (8,99%), pão (6,75%) e manteiga (6,11%). Apenas três produtos sofreram redução no período analisado, como tomate (38,41%), feijão (9,15%), e banana (7,69%). Na série de 12 meses, os que sofreram maior elevação nos preços foram feijão (39,09%), carne (18,64%), açúcar (12,14%) e pão (10,35%). Entre as reduções, no período analisado, aparecem apenas a farinha (2,63%), e o tomate (3,91%), segundo a pesquisa.

Para o Dieese-CE, levando em consideração a determinação constitucional, que estabelece que o salário mínimo deva ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família (quatro pessoas) – com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência –, o valor do salário mínimo necessário deveria ser de R$ 3.210,28, ou seja, 4,07 vezes o mínimo em vigor, de R$ 788,00. Em setembro, o total necessário era maior, equivalendo a R$ 3.240,27 ou 4,11 vezes o piso vigente. Por fim, em outubro de 2014, o valor necessário para atender às despesas de uma família chegava a R$ 2.967,07 – o que representava 4,1 vezes o salário mínimo de então (R$ 724,00).

Análise

O economista do Dieese-CE, Gilvan Farias, ao comentar os resultados de outubro, destacou que, entre as principais altas, o aumento do açúcar foi provocado pela substituição de produção. “A cana de açúcar, muitas vezes, não é só utilizada para a produção do açúcar em si, mas também para a fabricação do etanol, ou seja, essa produção foi menor nos últimos dois meses, e fez com que essa baixa do produto elevasse o preço”. Além disso, “uma boa parte da safra, [vinda da região] do Sul, está vindo com preço alto, devido também ao aumento do óleo diesel, e o preço do açúcar, com essa distância logística, tende a aumentar. Fora isso, a gente exporta muito açúcar para fora, ficando, então, três empecilhos” enumerou.

Com relação ao aumento da carne, outro item de maior peso na cesta básica, “a variação é ‘anormal’ para o mês, pois, geralmente é maior”, pondera Farias. Segundo ele, boa parte da carne produzida também é exportada e, com a cotação alta do dólar, “o volume de exportações reduziu e a oferta vem para a cotação do varejo”, disse o economista. “Então, reduzindo as exportações, a produção dessa carne também foi diminuindo, e os frigoríficos estão recebendo menos carne dos produtores, que estão segurando um pouco para fazer o abate e esperando o momento certo para ver se consegue uma venda melhor através da exportação”, explicou Gilvan.

Em relação ao arroz, a questão é a entressafra, “já que estamos esperando sair a safra em meados deste segundo semestre”. “Como a nova safra ainda não saiu, a gente está suprido apenas com o que há no mercado mesmo”, observa Farias.

Queda de alguns itens segura inflação

Gilvan Farias aponta que o preço do tomate, em queda, acompanha a tendência de preço observada nos últimos meses, o que tem ajudado a segurar a inflação da cesta básica. “A nossa produção foi boa, o mercado está bem suprido, tanta da produção de Minas Gerais como da nossa mesmo. Como há uma facilidade do produto, o preço veio a diminuir”, ressaltou. Ele acrescenta que a banana também teve uma boa colheita na Serra da Ibiapaba e na Chapada do Apodi, enquanto que o leite registrou um aumento da produção na bacia leiteira do Estado, “que foi bem significativo neste mês”, enfatizou Farias.

O economista avalia que houve um balanço determinante no equilíbrio do preço da cesta básica em outubro, já que, enquanto a carne registrou alta, o tomate, segundo item de peso na composição dos preços da cesta, regrediu novamente. “Tanto no balanço anual como semestral, o tomate está em queda e a comercialização com outros estados mais próximos, também produtores, está boa e isso é bom para o Ceará. Já a carne é um parâmetro diferente e, como o dólar está alto, o abate não está sendo feito”, finalizou.

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