A CNI (Confederação Nacional da Indústria) prevê que a alta da inflação vai comprometer o ritmo de crescimento da economia brasileira em 2008.
A entidade divulgou nesta quarta-feira sua nova previsão trimestral para os principais indicadores econômicos nesse ano. A expectativa para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas pelo país) foi revista de 5% para 4,7%.
Para a CNI, o consumo das famílias brasileiras vai crescer menos (5,5% ante 7,5% da previsão anterior). Também haverá queda nos investimentos (de 14% para 10,5%). Já a previsão para o PIB da indústria foi mantida em 5%.
As novas estimativas se devem ao aumento da inflação. A CNI revisou sua previsão para o IPCA (índice oficial de preços do IBGE, utilizado como meta de inflação) de 4,7% para 6,4%. A meta para este ano é de 4,5%, podendo chegar a 6,5% na margem de tolerância.
“As medidas de política econômica voltadas à contenção da pressão inflacionária em especial a retomada de uma política monetária restritiva irão conduzir à desaceleração da economia”, diz a CNI em nota.
» Juros. Com a inflação em alta, a CNI espera que a taxa básica de juros termine 2008 em 14,25% ao ano. Hoje, a Selic está em 12,25% ao ano.
Apesar de a previsão ser de juros mais altos, a CNI avalia que a Selic teria de subir ainda mais se não fosse a política fiscal do governo, que prevê uma economia maior de dinheiro para pagar os juros da dívida, o chamado superávit primário. “O fato novo está na maior consonância entre as políticas fiscal e monetária com o anúncio de elevação da meta de superávit primário para 4,3% do PIB”, diz a CNI.
“O compromisso fiscal assumido pelo Executivo é uma ajuda importante na contenção do crescimento da demanda interna e divide com o Banco Central o ônus do combate à inflação, o que deverá limitar a intensidade de elevação dos juros.”
» Dólar em queda. A CNI avalia que os juros mais altos vão continuar atraindo mais capital estrangeiro para o país, o que deve ajudar na valorização do real em relação à moeda norte-americana. A confederação prevê que o dólar vá terminar o ano em R$ 1,67.
Com isso, a entidade revisou alguns números da balança comercial brasileira. As importações foram revistas de US$ 165 bilhões para US$ 170 bilhões. Foi mantida a previsão de exportações em US$ 190 bilhões.