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Fortaleza

Ocupação negra sobe, mas desigualdade permanece na RMF

Informações captadas pela Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Fortaleza (PED Especial – População Negra), divulgada, ontem, na Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), mostram que, em 2014, a realidade laboral da força de trabalho negra na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) – além da crescente participação, elevação do nível ocupacional e redução nas taxas de desemprego – teve melhoras qualitativas nas formas de inserção dos negros no mercado de trabalho da região. Tal fato amenizou, um pouco, as desigualdades existentes, como as inerentes ao desemprego, acesso ao emprego formal e rendimento do trabalho.

carteira-de-trabalho

Em 2014, apesar de o nível ocupacional da região subir 3,1% – com a geração de 51 mil postos de trabalho, sendo 41 mil com registro em carteira (5,7%), e a taxa de desemprego total diminuir de 8% (2013), para 7,6%, no ano seguinte, a menor da série histórica, iniciada em 2009 –, a desigualdade entre a população negra e não negra ainda persistem. Na RMF, oito em cada dez integrantes da força de trabalho eram negros (pretos ou pardos), 1,544 milhão de pessoas de uma População Economicamente Ativa (PEA) total de 1,86 milhão. Sua participação no mercado de trabalho da RMF cresceu de 75%, em 2011, para 83%, em 2014.

Comportamento
Dentre os resultados obtidos na pesquisa, a redução do desemprego da força de trabalho negra (1,4%) foi maior que a verificada entre os não negros (1%) no ano passado. Assim sendo, eles detiveram patamares de desemprego praticamente iguais, em decorrência de uma redução mais robusta do desemprego entre os primeiros, nos últimos dois anos. Em 2014, o total de ocupados no mercado de trabalho da RMF foi estimado em cerca de 1,719 milhão de pessoas, sendo 1,425 milhão negras (82,9%) e 294 mil não negras (17,1%).

Conforme o levantamento, os números apontam para a desigualdade de inserção entre negros e não negros, como o maior nível de assalariamento dos não negros (64,3%), apesar da maior oferta de emprego com carteira assinada para a força de trabalho negra, nos setores público e privado. Além disso, há uma diminuição da desigualdade de acesso a empregos relativamente melhores entre os homens, mas para as mulheres e, mais enfaticamente para as negras, ainda persistem maiores dificuldades na obtenção de trabalhos qualitativamente melhores.

Já o rendimento médio real entre negros e não negros também continua a apresentar desigualdades. Em 2014, o rendimento médio do trabalhador negro (R$ 1.217,00) foi 28,93% inferior ao do não negro (R$ 1.569,00), proporção esta superior à registrada em 2013 (26,3%). Segundo o patamar salarial, os homens não negros (R$ 1.805,00) lideram os rendimentos, vindo, em seguida, homens negros (R$ 1.392,00), mulheres não negras (R$ 1.305,00) e, no menor nível, mulheres negras (R$ 991,00) – ilustrando a desigualdade salarial existente, que chega a 31,69%. O analista de mercado do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Mardônio Costa, afirma que, este ano, deverá haver um recuo dos ganhos obtidos pelos negros em 2014. “A economia brasileira está em recessão, e a economia cearense teve redução em torno de 5% no segundo trimestre. Então, da mesma forma que a conjuntura positiva influencia favoravelmente o mercado de trabalho, em momentos em que há retração ou estagnação da economia, há efeitos negativos”, disse.

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