A pesquisa Índice de Expectativas dos Especialistas em Economia (IEE) referente ao bimestre março-abril, divulgada, ontem, aponta melhora em oito dos nove campos pesquisados, com uma média de crescimento de 11,8% nos indicadores. O levantamento é realizado, bimestralmente, pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE) em parceria com o Conselho Regional de Economia (Corecon-CE).
No sistema adotado pela pesquisa, uma pontuação de 0 a 100 significa pessimismo, enquanto entre 100 e 200 o resultado é de otimismo.
No último resultado, os indicadores para taxa de câmbio e oferta de crédito ultrapassaram a marca de 100 pontos, atingindo respectivamente 106,9 e 106,5 pontos.
Segundo Ricardo Eleutério, economista e vice-presidente do Corecon-CE, as melhoras são reflexo de mudanças como a baixa da taxa básica de juros (Selic) nos últimos meses e o controle da inflação. De outubro de 2016 até hoje, a Selic caiu de 14,25% para 11,25% ao ano, após cinco reuniões consecutivas de redução. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por sua vez, é estimado a fechar 2017 abaixo da meta do Banco Central de 4,5%.
Destaques
Os aumentos mais significativos observados na pesquisa são os referentes ao cenário internacional, que passou de 113,7 para 130,6 pontos, e à evolução do Produto Interno Bruto (PIB), que subiu de 100,9 a 124,1 pontos. Destacam-se também os crescimentos nos itens nível de emprego (de 71,2 para 91,2) e taxa de inflação (de 149,6 para 169,0).
O único indicador que registrou queda foi o referente a gastos públicos, que, apesar de ainda estar acima da faixa de 100 pontos, indicando otimismo, caiu de 127,9 para 121,8. Ricardo explica que isso acontece porque a PEC dos Gastos Públicos só poderá trazer resultados a serem refletidos nesses dados a partir de 2020; antes disso, a projeção é de que a dívida pública continue crescente.
Os dois únicos itens da pesquisa que registraram pontuação abaixo de 100 foram o de salários reais e nível de emprego, atingindo respectivamente 53,7 e 91,2 pontos. Pode-se observar, no entanto, que ambos estão em crescimento na comparação com o bimestre anterior, com o índice de salários reais tendo sido de 44,7 e o de nível de emprego 71,2 na última pesquisa. Os resultados referentes a salários reais, explica Ricardo, via de regra são os que atingem pontuação menor de modo geral como um reflexo da alta taxa de desemprego. Isso porque, com menor oferta de trabalho, o trabalhador encontra mais dificuldade de negociar aumentos nominais de salário.
Perspectivas
A tendência é de que os resultados positivos se mantenham nos próximos meses, apontando para uma recuperação no cenário econômico. Ricardo Eleutério conta que os indicadores, se por um lado são definidos pelo movimento na economia, por outro também são responsáveis por influir nessas mudanças, através de aumento na confiança por parte dos empresários e dos consumidores.
Além disso, a perspectiva de comportamento futuro das variáveis chegou a um aumento, de modo geral, de 8,4%, com uma pontuação de 118,5. A expectativa para resultados futuros, por sua vez, subiu 8,3%, atingindo 128,5 pontos. A percepção atual, por fim, ultrapassou os 100 pontos, passando de pessimista para otimista, com uma pontuação de 109,0, com aumento de 16,7%.
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