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31 julho 2008.
Fortaleza, Ceará, Brasil.

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Economia

Prejuízo da Cagece com burla ultrapassa R$ 37,7 mi

quinta-feira, 31 de julho 2008

por Andreh Jonathas

Furo na cúpula, inversão de hidrômetro e bypass (desvio) são os principais exemplos de fraudes identificados pela Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará (Cagece) para a utilização de água potável. As expressões são pouco conhecidas, mas fazem parte da estatística crescente do número de "gato". A distribuidora cearense deu início, então, há dois anos e meio, ao combate intensivo desses atos ilícitos. A Cagece informou a O Estado que a estimativa de prejuízo, somente das fraudes contabilizadas em 2007, é de R$ 37.723.350,00, se utilizado o custo de captação e tratamento, R$ 1,05 por metro cúbico. Isto corresponde pouco mais de 22% da receita bruta da companhia no primeiro semestre deste ano, R$ 166.688.326,00.

O montante de perda é equivalente a 28,863 mil fraudes ou 35,927 milhões m³ não pagos, 12,1% de tudo que foi produzido em água potável pela Cagece no Estado naquele ano. A produção total foi de 297,042 milhões m³. Ainda não há um setor com função especifica de combate à fraude, segundo a assessoria da empresa, mas existem ações para redução dessa ação criminosa.

Embora não seja freqüente, os agentes que combatem o "gato" sofrem represálias, como ameaças físicas e subornos, dos responsáveis do imóvel ou empresa. Vez por outra, é necessária a presença da polícia para fazer a notificação, segundo declara uma fonte ligada a Cagece, que preferiu não ser identificada.

“Como antes não havia esta preocupação [fiscalizar fraudes], já foram identificados gatos com mais de 10 anos", afirma e denuncia: "Tem muita gente aí aguando as plantas por conta de Deus. Tem gente grande que faz [a fraude], achando que não vai dar em nada", comenta.

» Ianf. A ocorrência de fraude compõe a uma das partes do Índice de Água não Faturada (Ianf). Segundo a Cagece, há, ainda, perdas com vazamentos, além de submedições – isenção que a Companhia dá a clientes, como hospitais. O Ianf está hoje em 26,98%, o que não significa que toda essa água deixou de ser aproveitada; ela deixou de ser paga.

» Abastecimento afetado. Com o gerente da Unidade de Negócios da Região Metropolitana de Fortaleza, Roberto César, trabalham 10 fiscais, mais três equipes de combate à fraude, compostas por encanadores e auxiliares de manutenção. "Este ano, até junho, nós identificamos 3.700 fraudes confirmadas", dos 180 mil imóveis que a Companhia atende, informa o gerente, que garante ter sido recuperado 70% desse total.

Roberto César alerta que a perda no faturamento não é o único problema. "A questão não é só financeira, é o abastecimento das pessoas que pagam regularmente que pode ficar afetado". Ele diz que o padrão de consumo regular – o segundo mais baixo – predomina nos flagrantes de "gato".

Dentre os tipos de "gato", explica Roberto César, o bypass é o mais comum. "É uma ligação paralela, que passa a água pro imóvel sem passar pelo hidrômetro. A maioria das fraudes é visível, mas esta não." Segundo explica, somente com equipamentos especiais, que a Cagece já possui, é possível identificar este tipo de ilicitude.

Não há "gato" que não seja possível ser identificado, garante. Além do bypass, também são utilizados a tentativa de prender a relojoaria do hidrômetro, com um furo de agulha quente em uma parte conhecida como cúpula, e a inversão do hidrômetro, o que causa mais prejuízo.

Distribuídas pelo Estado, as Unidades de Negócios da Cagece, em número de 12, também são responsáveis por reduzir desperdícios e prejuízos com desvios, além de manter a distribuição de água e coleta de esgoto. Na Capital, são quatro unidades.

FOTO: GABRIEL GONÇALVES

 

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