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Bares e restaurantes registram prejuízo no Ceará, diz Abrasel

O segmento de bares e restaurantes vive uma realidade preocupante no Ceará. Isso porque a maioria (70%) desses estabelecimentos operaram sem margem de lucro no mês de maio, segundo aponta recente pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), divulgada nessa segunda-feira (08/07). Dos entrevistados, 36% dos estabelecimentos registraram prejuízos, enquanto 34% conseguiram equilibrar suas contas e apenas 30% conseguiram obter lucro. Apesar das dificuldades, 48% dos estabelecimentos relataram um aumento no faturamento em comparação ao mês anterior.
Além do baixo desempenho financeiro, há uma preocupação significativa com as despesas pendentes e impostos. Metade dos entrevistados (50%) admitiu estar com contas em atraso, sendo os impostos federais apontados por 74% dos estabelecimentos, seguidos pelos impostos estaduais (69%) e empréstimos bancários (43%).

Sem reajuste
A pesquisa também revelou que 47% dos bares e restaurantes não conseguiram ajustar seus preços nos últimos 12 meses, um aumento de nove pontos percentuais em relação ao levantamento anterior. Esse cenário, segundo a entidade, reflete as dificuldades enfrentadas pelo setor em repassar os aumentos de custos decorrentes da inflação, especialmente nos principais insumos como alimentos e bebidas.
Para Taiene Righetto, presidente da Abrasel no Ceará, o contexto atual requer atenção urgente e busca por soluções para a recuperação do setor. “A pesquisa indica um cenário crítico, onde a maioria dos estabelecimentos não conseguiu gerar lucro em maio. É preocupante ver que muitos não conseguem repassar os aumentos de custos para os preços de venda, enfrentando uma inflação elevada em itens essenciais como alimentos e bebidas”, destaca Righetto.

O presidente da Abrasel também enfatiza a importância das discussões sobre a reforma tributária, que afeta diretamente o setor. “Estamos num momento delicado, discutindo uma reforma tributária que pode incluir impostos seletivos sobre bebidas, que são importantes para o setor, mas cujos custos adicionais não podem ser absorvidos sem impactar os consumidores. Precisamos de um equilíbrio justo de impostos e incentivos para a recuperação de um setor tão fragilizado”, conclui Taiene.
Em suma, os dados da pesquisa destacam a necessidade urgente de políticas e suportes adequados para garantir a sustentabilidade econômica dos bares e restaurantes cearenses, essenciais não apenas para a economia local, mas também para a preservação de empregos e da cultura gastronômica da região.

Análise
O economista Ricardo Coimbra disse que para comentar sobre a situação atual dos preços nos bares e restaurantes, é evidente que a inflação tem sido um fator significativo nos últimos ciclos. “Isso tem levado a uma elevação nos preços praticados por esses estabelecimentos, o que, por sua vez, repercute diretamente no comportamento dos consumidores. Com custos mais altos, muitos consumidores estão reduzindo suas visitas a esses locais, impactando a lucratividade dos estabelecimentos devido à menor demanda ou capacidade produtiva”.

Ainda segundo o especialista, diante desse cenário, os estabelecimentos enfrentam um dilema. Ou reduzem seus custos significativamente para manter ou até reduzir os preços, buscando atrair novos clientes, ou optam por aumentar os preços dos produtos, correndo o risco de afugentar ainda mais consumidores.

“A necessidade de melhorar o processo produtivo e controlar os custos de produção se torna crucial para minimizar o repasse desses custos aos preços finais e manter a competitividade no mercado. Essa adaptação é essencial, especialmente diante de um cenário em que os preços elevados não estão sendo acompanhados pelo aumento proporcional na renda da população. Portanto, os estabelecimentos precisam buscar uma reestruturação que permita operar com margens mais ajustadas, visando não apenas sobreviver, mas também prosperar em um ambiente econômico desafiador”, destacou.

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